Investimentos em renda variável: o que é e como investir?

Por: Renato Mesquita em 11/03/2024
renda variável

Investir pode ser uma das decisões mais importantes na vida de uma pessoa que busca sua independência financeira e melhoria de vida. Dentre as opções disponíveis de investimento, a renda variável tem se destacado cada vez mais, atraindo tanto investidores experientes quanto aqueles que estão dando os seus primeiros passos no mercado financeiro. A renda variável permite aos investidores participar diretamente da economia, através da compra de ativos como ações, FII (Fundos de Investimento Imobiliário) e ETFs (Exchange Traded Funds). Por outro lado, investir em renda variável implica também em lidar com um maior nível de incertezas e riscos em comparação à renda fixa, sendo fundamental entender seu funcionamento antes de tomar a decisão de investir.

A renda variável, como o próprio nome sugere, refere-se a investimentos que não possuem um retorno fixo estabelecido no momento da aplicação. O lucro ou prejuízo do investidor vai depender das variações do mercado e do desempenho específico do ativo escolhido. Ao entrar nesse universo, o investidor precisa ter ciência de seus objetivos, conhecer seu perfil de risco, e principalmente, se informar sobre as melhores estratégias de investimento para maximizar suas chances de sucesso.

O investimento em renda variável é uma arte que combina análise, paciência e uma boa dose de coragem. Para aqueles dispostos a aprender e se adaptar constantemente, as recompensas podem ser bastante significativas. Além disso, investir em renda variável traz consigo a possibilidade de diversificar os investimentos, protegendo o patrimônio e possibilitando a obtenção de ganhos acima da média do mercado. Este artigo tem como objetivo fornecer um guia completo sobre o que é renda variável e como você pode investir, minimizando riscos e aproveitando as oportunidades que essa modalidade de investimento oferece.

Introdução aos investimentos em renda variável

Entrar no mundo dos investimentos em renda variável pode parecer complexo e repleto de jargões técnicos para aqueles que estão começando. No entanto, ao entender os conceitos básicos, o novo investidor pode se sentir mais seguro para tomar suas decisões. A renda variável é um tipo de investimento onde a remuneração não pode ser determinada no momento da aplicação. Os rendimentos estão diretamente ligados à performance do ativo escolhido, que pode ser uma ação de uma empresa listada na bolsa, parte de um fundo de investimento imobiliário, ou até um conjunto de ativos em um fundo negociado em bolsa (ETF).

A principal característica dos investimentos em renda variável é a volatilidade, ou seja, a variação no valor dos ativos. Essa flutuação pode ser diária e é influenciada por diversos fatores, como o desempenho das empresas, cenários econômicos no país e no mundo, decisões políticas e muitos outros. Para investidores que dispõem de tempo para estudar e acompanhar o mercado, e que estão dispostos a correr riscos calculados, a renda variável pode oferecer retornos significativamente maiores do que investimentos mais conservadores, como a renda fixa.

A composição de uma carteira de investimento em renda variável passa por uma análise criteriosa dos ativos disponíveis e deve levar em consideração também a diversificação. Isso significa não concentrar todos os recursos em um único ativo ou setor do mercado. Uma carteira diversificada pode incluir ações de diferentes setores, fundos imobiliários e ETFs, proporcionando assim um balanceamento que pode mitigar riscos e aumentar as chances de retorno positivo.

Diferença entre renda variável e renda fixa

Renda Fixa Renda Variável
Rentabilidade pré-definida Rentabilidade variável
Menor risco Maior risco
Fluxo de recebimentos usualmente conhecidos Fluxo de recebimentos imprevisíveis
Títulos públicos e privados Ações, fundos imobiliários e ETFs

A renda fixa é vista como uma alternativa mais segura, pois oferece uma previsibilidade de retorno e proteção do capital investido. Nesse tipo de investimento, o investidor sabe ou pode prever com uma boa margem de segurança qual será o rendimento de sua aplicação ao longo do tempo. São exemplos de renda fixa os títulos do Tesouro Direto, CDB (Certificado de Depósito Bancário), LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio).

Em contrapartida, a renda variável é marcada pela ausência dessa previsibilidade. Os lucros podem ser maiores, mas os riscos também são elevados. A decisão de investir em renda variável deve ser tomada com base em estudo e análise do mercado, compreensão das tendências e uma estratégia de investimento bem definida. Ainda assim, mesmo com o melhor planejamento, não há como garantir resultados positivos, o que diferencia significativamente esse tipo de investimento da renda fixa.

A escolha entre renda fixa e variável depende do perfil do investidor, seus objetivos financeiros, horizonte de tempo para investir e a tolerância ao risco. Enquanto a renda fixa pode ser mais adequada para perfis conservadores e objetivos de curto prazo, a renda variável tende a atrair investidores com uma visão de longo prazo e disposição para aceitar mais incertezas em troca de um potencial de ganhos maior.

Principais ativos de renda variável

A renda variável conta com uma gama diversificada de ativos que podem fazer parte de uma carteira de investimentos. Cada tipo de ativo possui características próprias e, por conta disso, é fundamental conhecer as opções disponíveis, como funcionam e o que esperar em termos de rentabilidade e risco.

Ações

As ações são frações de uma empresa que são negociadas na bolsa de valores. Ao adquirir uma ação, o investidor se torna sócio daquela companhia e obtém o direito a uma parcela dos lucros distribuídos, conhecidos como dividendos. As ações podem ser classificadas em dois principais tipos, ordinárias ou preferenciais.

Confira suas diferenças:

  • Ações Ordinárias (ON): Permitem ao acionista o direito a voto nas assembleias da empresa;
  • Ações Preferenciais (PN): Não conferem direito a voto, mas oferecem preferência no recebimento de dividendos.

Investir em ações exige uma constante análise das condições de mercado e do desempenho das empresas. O valor das ações pode oscilar bastante, sendo influenciado por fatores internos das companhias ou por questões macroeconômicas. Por isso, a diversificação é uma estratégia fundamental para minimizar riscos.

Fundos Imobiliários

Os fundos imobiliários permitem que investidores tenham acesso ao mercado de imóveis sem a necessidade de comprar diretamente uma propriedade. Ao adquirir cotas de um FII, o investidor passa a ter direito a uma parcela dos rendimentos gerados por imóveis como centros comerciais, escritórios, galpões logísticos, entre outros. Os rendimentos (distribuições de lucros) geralmente são mensais e isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas.

A vantagem dos fundos imobiliários é a possibilidade de investir em imóveis com pequenos montantes de dinheiro e ter uma fonte de renda passiva. Adicionalmente, as cotas dos FIIs são negociadas em bolsa, o que confere liquidez ao investimento.

ETFs

Os ETFs são fundos de investimento que replicam o desempenho de índices do mercado de ações, como o Ibovespa, por exemplo. São negociados da mesma forma que ações na bolsa de valores e oferecem a vantagem da diversificação automática, uma vez que, ao comprar uma cota de ETF, o investidor está comprando uma pequena parte de todos os ativos que compõem o índice referenciado.

Os ETFs são uma excelente opção para quem busca praticidade e diversificação, pois permitem ao investidor ter exposição a um conjunto diversificado de ações com uma única transação. Eles também são indicados para investidores iniciantes, que ainda estão aprendendo sobre o mercado de ações e desejam reduzir riscos.

Como o mercado de ações funciona: Bolsa de Valores e índices de mercado

A Bolsa de Valores é o ambiente onde ocorrem as negociações dos ativos de renda variável, como ações, fundos imobiliários e ETFs. No Brasil, o principal mercado de bolsa é a B3 – Brasil, Bolsa, Balcão. A bolsa funciona como um mercado organizado, oferecendo condições e sistemas adequados para que os investidores possam comprar e vender seus ativos de forma segura e transparente.

As negociações na bolsa são realizadas por meio de corretoras de valores credenciadas. O investidor necessita abrir uma conta em uma dessas corretoras para poder operar. O processo é realizado de forma eletrônica e os preços dos ativos são determinados pela lei da oferta e demanda: se há mais compradores interessados em um ativo do que vendedores, o preço tende a subir; se há mais vendedores do que compradores, o preço tende a cair.

Os índices de mercado têm a função de representar o desempenho de determinados segmentos do mercado financeiro. No caso das ações, o índice mais conhecido no Brasil é o Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas na B3. Outros índices incluem o IBrX-50, que agrupa as 50 ações mais relevantes, e o IFIX, índice que reflete o desempenho médio das cotações dos principais fundos imobiliários. Os índices ajudam os investidores a terem uma noção geral sobre como o mercado está se comportando.

Riscos e vantagens de investir em renda variável

Riscos

Investir em renda variável implica em expor-se a diferentes tipos de riscos. Entre eles, destacam-se:

  • Risco de Mercado: Refere-se às oscilações nos preços dos ativos devido a fatores econômicos, políticos ou sociais. Esse risco é inerente ao investimento em renda variável e pode impactar o valor do investimento de forma positiva ou negativa.
  • Risco de Liquidez: Diz respeito à facilidade de converter um ativo em dinheiro sem perda de valor. Alguns ativos de renda variável podem ser menos líquidos, ou seja, mais difíceis de serem vendidos rapidamente pelo preço desejado.
  • Risco de Empresa: Relacionado à saúde financeira e administrativa das empresas nas quais se investe. Se uma empresa enfrenta problemas, o valor de suas ações pode cair.

É crucial que o investidor esteja ciente desses riscos e saiba como gerenciá-los. Uma estratégia de diversificação pode ajudar a mitigar o impacto de possíveis perdas em certos ativos.

Vantagens

Por outro lado, os investimentos em renda variável oferecem vantagens que atraem muitos investidores:

  • Potencial de Alta Rentabilidade: A possibilidade de obter retornos acima da média do mercado é um dos principais atrativos. Quando bem escolhidos e gerenciados, os ativos de renda variável podem proporcionar ganhos expressivos.
  • Participação nos Lucros das Empresas: Investindo em ações, o investidor pode receber dividendos, que são a parcela do lucro distribuída aos acionistas.
  • Diversificação do Patrimônio: A renda variável permite diversificar os investimentos, o que é uma das maneiras de reduzir riscos e potencializar ganhos.

Conhecendo bem os riscos e as vantagens, o investidor está mais preparado para tomar decisões conscientes e estratégicas em relação aos seus investimentos em renda variável.

Perfil do investidor para renda variável: entendendo seu apetite ao risco

Antes de iniciar investimentos em renda variável, é crucial que o investidor faça uma autoavaliação para entender seu perfil de risco. O perfil de um investidor pode ser conservador, moderado ou agressivo, e essa classificação impactará diretamente na escolha dos ativos para a carteira de investimentos.

  • Conservador: Prefere preservar o capital investido e aceita menores retornos em favor de menor risco. Geralmente, opta por uma parcela reduzida de renda variável em sua carteira.
  • Moderado: Busca um equilíbrio entre segurança e rentabilidade. Está disposto a correr riscos moderados para alcançar melhores resultados.
  • Agressivo: Está mais inclinado a aceitar altos riscos em busca de alta rentabilidade. O investidor agressivo terá uma carteira com uma maior proporção de ativos de renda variável.

Cada investidor deve compreender suas próprias limitações, necessidades e expectativas em relação aos investimentos. Responder a perguntas como “Quanto estou disposto a perder?” e “Por quanto tempo posso deixar meu dinheiro investido?” ajuda na definição do perfil de risco. A partir disso, será possível construir uma carteira alinhada com os objetivos e a tolerância ao risco de cada um.

Estratégias de investimento em renda variável

Investir em renda variável requer uma estratégia bem definida para maximizar as chances de sucesso no longo prazo. Algumas das principais estratégias incluem:

  • Análise Fundamentalista: Consiste em estudar profundamente as empresas nas quais se pretende investir, avaliando indicadores financeiros, de mercado e de gestão para determinar o potencial de valorização das ações no longo prazo.
  • Análise Técnica: Foca em padrões gráficos e indicadores estatísticos para tomar decisões de compra e venda de ativos, baseando-se mais no comportamento de mercado do que nos fundamentos das empresas.
  • Buy and Hold: Estratégia que envolve comprar ações de boas empresas e mantê-las na carteira por um longo período, independente das oscilações do mercado, buscando rendimentos com dividendos e valorização das ações.

Além destas, existem outras estratégias, como o investimento baseado em valor (value investing), investimento em crescimento (growth investing) e diversificação setorial. A chave para qualquer estratégia é a constância nos estudos, paciência para ver os resultados no longo prazo e flexibilidade para se adaptar às mudanças de mercado.

Veja aqui também: O que é Bovespa? Tudo que você precisa saber sobre as dúvidas mais comuns.

Dicas para iniciantes: como começar a investir em renda variável

Para quem está começando, o universo dos investimentos em renda variável pode parecer intimidador. No entanto, seguindo algumas dicas, é possível dar os primeiros passos com confiança:

  1. Eduque-se: Busque conhecimento sobre o mercado financeiro e os diferentes tipos de investimentos em renda variável. Leia livros, faça cursos, assista a vídeos e siga investidores experientes.
  2. Conheça seu Perfil Investidor: Faça uma avaliação honesta de sua tolerância ao risco e defina seu perfil de investidor. Isso guiará suas decisões e ajudará na escolha dos ativos certos para a sua carteira.
  3. Comece com Pouco: Inicie com montantes pequenos e aumente seus investimentos gradualmente conforme ganha experiência e confiança.
  4. Diversifique: Não coloque todos os seus ovos na mesma cesta. Diversificar ajudará a diminuir os riscos e a suavizar as oscilações do mercado.
  5. Estabeleça Objetivos: Tenha claros seus objetivos financeiros e o horizonte de tempo que você tem para atingi-los. Isso o ajudará a manter o foco e a disciplina para continuar investindo mesmo em momentos de incerteza.

Ferramentas e recursos indispensáveis para investidores de renda variável

No processo de investimento em renda variável, há algumas ferramentas e recursos que podem ajudar os investidores a tomar melhores decisões e gerir suas carteiras de forma mais eficiente:

  • Home Broker: Plataforma online fornecida pelas corretoras para que os investidores possam realizar suas operações de compra e venda de ativos na bolsa de valores.
  • Plataformas de Análise Gráfica e Fundamentalista: Softwares e aplicativos que oferecem recursos para análise técnica e estudo dos fundamentos das empresas.
  • Calculadoras de Investimento: Ferramentas que auxiliam no cálculo de rendimentos potenciais e na simulação de cenários para diferentes tipos de investimentos.
  • Sites de Notícias e Análises do Mercado Financeiro: Manter-se informado sobre o que acontece no mercado financeiro e na economia global é essencial para tomar decisões conscientes.

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