PIS/Pasep 2026: o que muda no abono salarial e por que isso importa para o seu bolso

A partir de 2026, o limite de renda do PIS/Pasep deixa de seguir o salário mínimo e passa a ser corrigido só pela inflação

Por: Pamela Gaudio em 19/11/2025
Tempo de Leitura: 7 minutos
PIS PASEP 2026

O abono salarial do PIS/Pasep sempre foi visto como um “extra” importante no orçamento de milhões de trabalhadores formais. Um dinheiro que ajuda a pagar dívidas, reforçar a reserva ou colocar contas em dia.

A partir de 2026, porém, esse benefício passa por uma mudança importante: o limite de renda para ter direito ao abono deixa de seguir o valor de dois salários mínimos e passa a ser corrigido apenas pela inflação (INPC).

Na prática, isso significa que, com o passar dos anos, menos pessoas vão se encaixar nas regras do programa, mesmo que continuem na mesma faixa de renda em termos de salário mínimo.

O que é o abono salarial PIS/Pasep hoje?

O abono salarial é um benefício pago uma vez por ano para trabalhadores de baixa renda que:

  • têm carteira assinada na iniciativa privada (PIS), ou
  • são servidores públicos cadastrados no Pasep.

O valor pode chegar a até um salário mínimo, e é proporcional ao tempo trabalhado no ano-base:

  • trabalhou 12 meses: recebe o valor cheio;
  • trabalhou menos: recebe um valor proporcional.

Até o calendário de 2025, a regra de renda era clara: tinha direito ao abono quem recebeu, em média, até dois salários mínimos por mês no ano-base.

O que muda no PIS/Pasep a partir de 2026?

A mudança faz parte de um pacote fiscal aprovado para reduzir gastos públicos e concentrar o benefício em quem ganha menos.

Antes: limite ligado ao salário mínimo

Até 2025, o critério era:

  • direito para quem recebeu até 2 salários mínimos em média no ano-base.

Ou seja: sempre que o salário mínimo aumentava, o limite do PIS/Pasep também subia junto.

A partir de 2026: limite corrigido só pela inflação

A partir de 2026:

  • o limite de renda não acompanha mais o salário mínimo;
  • passa a ser corrigido apenas pela inflação (INPC).

Enquanto o salário mínimo continua tendo ganho real (ou seja, aumento acima da inflação, seguindo as regras do governo), o teto de renda do PIS/Pasep sobe num ritmo mais lento.

Com isso, em termos de “salários mínimos”, o critério vai ficando mais apertado ao longo dos anos.

Regra de transição até 2035: de 2 salários para 1,5 salário mínimo

Essa mudança não acontece de uma vez só. Existe uma regra de transição:

  • em 2026, o limite deixa de ser “2 salários mínimos” e passa a ser um valor em reais, reajustado só pela inflação;
  • ao longo dos anos, esse limite vai ficando proporcionalmente menor em relação ao salário mínimo;
  • a previsão do governo é que, por volta de 2035, só terá direito ao abono quem ganhar até 1,5 salário mínimo por mês, em média, no ano-base.

Ou seja: o PIS/Pasep tende a ficar cada vez mais focado em quem está na base da pirâmide de renda.

Quem pode perder o direito ao benefício com as novas regras?

Na prática, quem mais corre risco de ficar de fora são:

  • trabalhadores que ganham próximo ao teto atual (perto de 2 salários mínimos);
  • profissionais que recebem reajustes salariais acima da inflação;
  • pessoas que somam salários (por exemplo, quem tem dois vínculos formais no ano-base).

Mesmo que o salário continue “parecendo baixo”, a combinação entre: salário mínimo subindo com ganho real, e limite do PIS/Pasep crescendo só com inflação faz com que a mesma renda em salários deixe de se encaixar no critério.

É importante entender isso para não contar com o abono como algo garantido todo ano.

O que não muda nas regras do PIS/Pasep

Apesar da mudança no limite de renda, vários pontos importantes continuam iguais:

Para ter direito ao abono, o trabalhador ainda precisa:

  • estar inscrito no PIS/Pasep há pelo menos 5 anos;
  • ter trabalhado com carteira assinada por, no mínimo, 30 dias no ano-base;
  • ter recebido remuneração média dentro do limite de renda que será definido para cada ano;
  • ter os dados informados corretamente pelo empregador na RAIS ou eSocial.

Além disso:

  • o valor do abono continua sendo calculado com base no salário mínimo vigente no ano do pagamento;
  • o modelo continua proporcional ao número de meses trabalhados.

Ou seja: a fórmula de cálculo do valor a receber não muda.
O que muda é quem consegue passar pela porta de entrada.

PIS/Pasep 2026: quem deve receber?

O abono de 2026 será pago com base no ano-base 2024.

Terá direito quem:

  • estiver inscrito no PIS/Pasep há pelo menos 5 anos;
  • tiver trabalhado com carteira assinada ou como servidor público por pelo menos 30 dias em 2024;
  • tiver recebido remuneração média até o novo limite de renda corrigido pelo INPC;
  • tiver seus dados enviados corretamente pelo empregador para a RAIS ou eSocial.

O valor exato do limite de renda em reais e o calendário oficial ainda serão definidos pelo governo e pelo Codefat, em reunião prevista para dezembro de 2025.

Como saber se você terá direito ao PIS/Pasep em 2026

Mesmo com as novas regras, o caminho para conferir o benefício continua simples, e vale a pena já se acostumar com essa checagem anual.

1. Aplicativo Carteira de Trabalho Digital

  1. Atualize o app Carteira de Trabalho Digital no seu celular.
  2. Acesse com seu CPF e senha do gov.br.
  3. No menu, vá em “Benefícios”.
  4. Clique em “Abono Salarial”.

Se você estiver habilitado, o sistema informa:

  • se tem direito ao benefício;
  • o valor;
  • a instituição responsável pelo pagamento.

2. Aplicativos da Caixa (para PIS)

Quem trabalha na iniciativa privada e recebe PIS também pode consultar:

  • Caixa Trabalhador;
  • Caixa Tem.

Os dois trazem informações sobre:

  • direito ao abono;
  • datas de pagamento;
  • e conta onde o valor será depositado.

3. Banco do Brasil (para Pasep)

Servidores públicos vinculados ao Pasep podem consultar pelo:

  • aplicativo e site do Banco do Brasil;
  • terminais de autoatendimento;
  • ou canais de atendimento do banco.

Como se organizar financeiramente com as novas regras

A principal mensagem das mudanças é: não conte com o PIS/Pasep como algo garantido para sempre.

Algumas estratégias que fazem diferença:

1. Trate o abono como bônus, não como parte fixa da renda

Se você ainda se encaixa no benefício:

  • tente direcionar o valor para reserva de emergência,
  • pagamento de dívidas caras,
  • ou metas específicas (como um curso, por exemplo).

Evite depender do abono para pagar contas fixas.

2. Acompanhe reajustes salariais e sua faixa de renda

Quando o salário sobe, é ótimo. Mas lembre-se:

  • aumentos acima da inflação podem fazer você sair do público-alvo do programa mais rápido;
  • vale revisar, ano a ano, se sua renda ainda está dentro do limite.

3. Crie sua própria “13ª parcela extra”

Se você perder o PIS/Pasep em algum momento:

  • tente simular o valor que costumava receber;
  • divida por 12 meses;
  • e separe esse valor todo mês numa poupança ou conta de investimento simples.

Na prática, você cria a sua própria “parcela extra” no fim do ano.

Perguntas rápidas sobre o novo PIS/Pasep

Vou perder o abono já em 2026?

Depende da sua renda no ano-base de 2024 e do valor exato do limite corrigido pela inflação. Quem ganha muito próximo de dois salários mínimos é quem mais corre risco de ficar de fora nos próximos anos.

O valor do abono vai diminuir?

Não. O valor de quem tem direito continua atrelado ao salário mínimo e à quantidade de meses trabalhados. O que muda é quem consegue se encaixar nos critérios.

Quem ganha até 1 salário mínimo deve continuar recebendo?

Em geral, sim. As mudanças miram quem está mais perto do teto. Mas é sempre importante conferir, ano a ano, quando abrirem as consultas.

Ainda preciso ter 5 anos de cadastro no PIS/Pasep?

Sim. Esse requisito continua valendo.

As novas regras do PIS/Pasep a partir de 2026 mudam menos o valor do benefício e mais quem vai conseguir receber o abono.

Com o limite de renda corrigido apenas pela inflação e uma transição que tende a levar o teto até 1,5 salário mínimo em 2035, o programa fica cada vez mais concentrado em quem está na base de renda.

Para o trabalhador, o recado é direto:

  • acompanhar sua faixa salarial;
  • conferir todo ano se tem direito ao abono;
  • e não depender desse dinheiro como se fosse garantido.

Usar o PIS/Pasep como um apoio, e não como parte fixa do orçamento, é um passo importante para organizar melhor as finanças e não ser pego de surpresa quando as regras mudarem de novo.