Justiça proíbe bloqueio de celular como garantia de empréstimo

Por: Pamela Gaudio em 14/05/2025
Tempo de Leitura: 4 minutos
bloqueio de celular como garantia de empréstimo

A Justiça do Distrito Federal proibiu que empresas financeiras realizem o bloqueio de celular como garantia de empréstimo, de clientes que atrasam o pagamento de empréstimos.

A decisão, unânime e com efeito imediato, partiu da 2ª Turma Cível do TJDFT no dia 8 de maio de 2025 e se aplica a todo o território nacional.

A medida foi tomada após o Ministério Público abrir um processo contra empresas como a SuperSim e a Socinal, que ofereciam crédito para negativados com uma condição polêmica:

O cliente precisava permitir o bloqueio remoto do próprio celular, que funcionava como “garantia” em caso de inadimplência.

Mas o tribunal foi claro: esse tipo de bloqueio é ilegal, abusivo e fere direitos básicos do consumidor, como o acesso à comunicação, ao trabalho e a serviços essenciais.

Como funcionava esse bloqueio de celular como garantia de empréstimo?

Na prática, o consumidor aceitava instalar um aplicativo no celular. Esse app dava à financeira o poder de bloquear remotamente o aparelho se o pagamento do empréstimo não fosse feito.

Ou seja, se o cliente atrasasse as parcelas, poderia ficar sem acesso ao próprio celular, inclusive em situações de emergência, trabalho ou para acessar contas bancárias, redes sociais e apps de transporte.

Embora a prática fosse autorizada contratualmente, a Justiça entendeu que ela colocava o consumidor em situação de vulnerabilidade.

Isso porque muitas pessoas dependem do celular para gerar renda, como motoristas de app, entregadores, autônomos ou pessoas que trabalham com redes sociais.

Por que a Justiça proibiu?

A decisão do TJDFT levou em consideração alguns pontos essenciais:

  • Violação de direitos fundamentais, como o acesso à comunicação, à educação e à saúde;
  • Caráter abusivo do contrato, já que o consumidor era obrigado a aceitar o risco de perder o uso do celular para obter crédito;
  • Taxas de juros elevadas, que chegavam a 18,5% ao mês em alguns contratos, o que configurava desequilíbrio entre as partes.

Além disso, o tribunal determinou que as empresas:

  • Retirem os aplicativos de bloqueio das lojas virtuais em até 15 dias;
  • Não firmem mais contratos com essa cláusula;
  • Paguem multa de R$100 mil por dia, caso descumpram a decisão.

E agora? O que muda para o consumidor?

A decisão representa um avanço importante na proteção dos direitos do consumidor. A partir de agora:

  • Nenhuma financeira pode usar o bloqueio de celular como mecanismo de cobrança;
  • Os consumidores ganham mais segurança ao contratar crédito, especialmente os mais vulneráveis;
  • O mercado de crédito é forçado a buscar soluções menos agressivas e mais equilibradas.

Mas atenção: essa decisão não significa que o cliente inadimplente está livre de cobrança.

O nome ainda pode ser negativado e a dívida pode ser cobrada por meios legais. O que muda é que o celular não pode mais ser usado como moeda de pressão.

Quais são as alternativas para quem precisa de crédito?

Se você está buscando empréstimo e tem medo de cair em ciladas, aqui vão algumas alternativas mais seguras e com melhores condições:

1. Empréstimo com garantia do FGTS

Indicado para quem tem saldo no FGTS, esse tipo de crédito permite que você antecipe valores do saque-aniversário. As taxas são mais baixas e você não precisa oferecer bens como garantia — apenas o saldo do fundo.

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2. Empréstimo consignado

Desconto direto em folha para quem é CLT, servidor público ou beneficiário do INSS. As taxas são controladas e os prazos são mais longos.

Veja se você tem direito ao consignado.

3. Empréstimos pessoais em fintechs confiáveis

Fintechs como Nubank e Inter oferecem crédito pessoal sem garantias abusivas. O ideal é comparar taxas e simular em diferentes plataformas antes de fechar negócio.

Empréstimos com garantia de celular: é o fim?

Ainda é cedo para dizer se esse modelo vai desaparecer por completo. A SuperSim já informou que pretende recorrer da decisão, alegando que os clientes foram informados das regras antes da contratação.

Mas com o bloqueio judicial, o recado foi claro: o acesso ao crédito não pode acontecer às custas da dignidade do consumidor.

O mercado terá que se reinventar para oferecer crédito com mais responsabilidade e menos pressão.

A decisão que proíbe o bloqueio de celulares como garantia de empréstimo é um marco para quem depende do crédito para resolver emergências.

Mais do que uma questão técnica, trata-se de um reconhecimento de que o celular é uma ferramenta essencial para a vida moderna, e não deve ser usado como arma de cobrança.

Se você está com o nome sujo ou precisa de dinheiro rápido, vale a pena explorar alternativas que respeitam seus direitos e oferecem condições mais humanas.

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