Como funciona a venda das férias? Saiba tudo antes de pedir o abono

Descubra quem pode vender férias, como funciona e quanto você recebe por isso

Por: Gustavo Marlieri em 09/12/2025
Tempo de Leitura: 6 minutos
imagem de um óculos de sol, chapéu e bebida ao lado de uma piscina representando Como funciona a venda das férias

Você sabe como funciona a venda das férias? Esse é um direito garantido por lei que permite ao trabalhador transformar parte do seu descanso anual em dinheiro.

Sim, você pode abrir mão de até 10 dias das suas férias e receber o valor correspondente na conta.

Mas será que vale mesmo a pena? Como pedir corretamente? Quanto você pode receber e o que a empresa deve pagar?

Neste artigo do Plusdin, vamos tirar todas essas dúvidas de forma clara, direta e com exemplos práticos.

Continue a leitura e entenda como aproveitar esse direito da melhor forma possível.

O que é a venda das férias e como funciona na prática

A venda das férias, também chamada de abono pecuniário, é a possibilidade de o trabalhador converter até 1/3 do seu período de férias em dinheiro.

Ou seja, se você tem direito a 30 dias de férias, pode vender até 10 dias e tirar apenas 20 dias de descanso.

Esse direito está previsto no artigo 143 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e só pode ser exercido por iniciativa do trabalhador.

A empresa não pode obrigar o funcionário a vender parte das férias. Além disso, o restante do período (no mínimo 20 dias) deve ser usufruído obrigatoriamente.

A prática é comum entre trabalhadores que precisam de uma grana extra para quitar dívidas, pagar contas ou fazer algum investimento, mas ela exige atenção para evitar erros no cálculo ou prejuízos ao descanso físico e mental.

Quem tem direito a vender férias?

Para vender parte das férias, é preciso estar em conformidade com as regras da CLT. Veja quem pode fazer esse pedido:

  • Trabalhadores com contrato de trabalho formal (CLT).
  • Funcionários que completaram o período aquisitivo de 12 meses, ou seja, que já têm direito a tirar férias.
  • Quem está com as férias dentro do prazo legal de concessão (12 meses após o período aquisitivo).

Não é possível vender férias em todas as situações. Veja quando a venda não é permitida:

  • Durante férias coletivas.
  • Se o trabalhador estiver em contrato de experiência.
  • No caso de férias proporcionais pagas na rescisão.

O ideal é sempre conversar com o setor de RH da empresa para verificar se você cumpre os requisitos e fazer a solicitação de forma formal.

Como solicitar a venda de férias corretamente?

pessoas se cumprimentando após o funcionário vender férias

Para garantir seus direitos, é fundamental seguir o passo a passo de como funciona a venda das férias e respeitar os prazos exigidos. Veja como fazer:

  1. Faça o pedido por escrito: a recomendação é protocolar uma solicitação formal, informando que deseja converter 1/3 das férias em abono pecuniário.
  2. Respeite o prazo legal: o pedido deve ser feito até 15 dias antes do fim do período aquisitivo. Se passar desse prazo, a empresa pode recusar.
  3. Guarde uma cópia assinada: manter um comprovante pode evitar dores de cabeça no futuro, especialmente em casos de erro ou recusa indevida.

Lembre-se: esse é um direito opcional e deve partir do trabalhador. Empresas que impõem a venda das férias estão agindo fora da lei.

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Como é feito o cálculo da venda das férias?

A venda de férias envolve o pagamento proporcional aos dias vendidos, além do adicional de 1/3 constitucional, garantido a todos os trabalhadores.

Vamos a um exemplo prático:

Imagine que você tem salário mensal de R$ 3.000 e decide vender 10 dias de férias:

  • Valor dos 10 dias: R$ 3.000 / 30 = R$ 100 por dia × 10 dias = R$ 1.000.
  • Adicional de 1/3: R$ 1.000 × 1/3 = R$ 333,33.
  • Total a receber pela venda: R$ 1.333,33.

Importante: esse valor pode sofrer descontos de INSS e Imposto de Renda, dependendo da sua faixa salarial.

Além disso, horas extras fixas, adicionais noturnos e comissões regulares devem ser incluídos no cálculo, conforme a média dos últimos 12 meses.

Se você tem dúvidas sobre os valores, vale consultar o departamento pessoal da empresa ou um contador de confiança.

Vale a pena vender as férias? Prós e contras

Quando pode ser vantajoso

  • Renda extra: ideal para quem precisa de um reforço no orçamento mensal ou quer investir.
  • Pagamento de dívidas: pode ser útil para quitar pendências com juros altos, como cartão de crédito.
  • Objetivos específicos: juntar dinheiro para uma compra planejada, uma viagem ou reserva de emergência.

Riscos e desvantagens

  • Menor tempo de descanso: abrir mão de 10 dias de férias pode afetar seu bem-estar e sua produtividade.
  • Desgaste físico e mental: descansar menos pode gerar cansaço acumulado e até problemas de saúde.
  • Hábito perigoso: se tornar recorrente, a prática pode prejudicar sua qualidade de vida no longo prazo.

A dica do Plusdin é: use esse recurso com responsabilidade. Só vale a pena vender férias se o dinheiro tiver um bom destino e não for apenas para cobrir gastos supérfluos.

Dúvidas frequentes sobre a venda de férias: veja se a sua está aqui

É obrigatório vender parte das férias?

Não. A decisão é do trabalhador. A empresa não pode exigir nem impor a venda de férias.

A empresa pode se recusar a pagar o abono?

Sim, se o pedido for feito fora do prazo ou de forma incorreta. Por isso, respeite os 15 dias de antecedência e peça por escrito.

Posso vender as férias no aviso prévio?

Não. Férias proporcionais ou vencidas pagas na rescisão não podem ser vendidas. Nesse caso, o valor é quitado junto com as verbas rescisórias.

Existe desconto de imposto na venda das férias?

Sim. O valor recebido está sujeito a INSS e IR, conforme a sua faixa salarial. Fique atento para evitar surpresas no contracheque.

Quem está em contrato de experiência pode vender férias?

Não. É preciso completar o período aquisitivo de 12 meses com vínculo empregatício ativo para ter direito a férias e à venda parcial.

Como saber se a empresa pagou o valor correto?

Você pode verificar o cálculo observando seu contracheque ou folha de pagamento. Em caso de dúvida, peça o demonstrativo detalhado ao RH.

Entenda bem antes de tomar sua decisão

A venda das férias é um direito interessante para quem precisa de dinheiro rápido, mas exige planejamento. Nem sempre o valor recebido compensa a perda do descanso completo.

Agora que você sabe como funciona a venda das férias, avalie se você está usando esse dinheiro para algo realmente importante: quitar dívidas caras, investir ou resolver uma emergência. Evite fazer isso por impulso ou hábito.

No Plusdin, nossa missão é ajudar você a tomar decisões financeiras melhores e mais conscientes.

E isso inclui saber quando vale a pena abrir mão de um direito em troca de dinheiro.

Se for vender, que seja com propósito. E se for descansar, que seja de verdade.