Tudo o que você precisa saber sobre o FIES (e quando vale a pena)

O financiamento de sua faculdade com o FIES precisa de uma atenção especial para não virar um problema

Por: Ariane Terrinha em 19/09/2025
estudante segurando diploma de faculdade ao lado do logo do fies

Se você sonha em conquistar um diploma para melhorar de vida, sabe que o desafio vai além de passar no vestibular.

O custo das mensalidades em faculdades particulares pode ser um obstáculo enorme.

É nesse cenário que o FIES aparece como alternativa: um financiamento que promete abrir portas para quem não tem condições de pagar os estudos à vista.

Mas será que o FIES realmente vale a pena para o seu caso?

Aqui no Plusdin, vamos explicar como funciona o programa, quem pode participar, o que mudou nos últimos anos e quais cuidados você precisa ter antes de assinar o contrato.

O que é o FIES?

O FIES (Fundo de Financiamento Estudantil) é um programa do governo federal que ajuda estudantes a pagarem o ensino superior em faculdades privadas bem avaliadas pelo MEC.

Na prática, funciona como um empréstimo: o governo cobre parte ou até 100% da mensalidade durante a graduação, e o estudante só começa a pagar depois de formado.

A diferença é que o valor das parcelas é ajustado conforme a sua renda – se você ganha pouco, paga pouco.

Para participar, é preciso ter feito o Enem a partir de 2010, ter média mínima de 450 pontos nas provas, nota acima de zero na redação e renda familiar de até 3 salários mínimos por pessoa.

A novidade: Fies Social

Em 2024, o governo criou o Fies Social, voltado para os estudantes mais pobres.

Nessa modalidade, quem tem renda familiar por pessoa de até meio salário mínimo e está inscrito no CadÚnico pode conseguir financiamento de até 100% da mensalidade.

Metade das vagas do FIES hoje é reservada para essa versão social, o que aumentou bastante as chances de quem realmente não teria condições de pagar a faculdade.

Quem pode solicitar o FIES?

Para ter o Fies, o aluno pode precisar estar dentro de alguns requisitos. Alguns deles são:

  • Ter concluído o Ensino Médio;
  • Ter realizado as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em edições a partir de 2010;
  • Comprovar nota mínima de 400 pontos na redação do Enem, além da média de 450 pontos nas demais provas;
  • Comprovar renda familiar de até 3 salários-mínimos;
  • Não pode ter terminado uma faculdade;

Além disso, para manter o financiamento o estudante deverá não faltar às aulas, tirar nota mínima, formar em um número de anos estipulados, entre outros.

Quais cursos entram no programa

Não é qualquer curso que pode ser financiado. Só entram os cursos presenciais de faculdades privadas que tenham boa avaliação no MEC.

O desempenho da instituição e do curso no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) é levado em conta. Cursos mal avaliados ficam de fora.

Isso é importante porque, além de garantir qualidade, evita que o aluno financie uma graduação que não tem reconhecimento no mercado.

Teto de financiamento: atenção para Medicina

Um detalhe que gera dúvidas é o limite de financiamento.

Para cursos de Medicina, por exemplo, o FIES cobre até R$ 60 mil por semestre (ou R$ 10 mil por mês).

Se a mensalidade da sua faculdade for maior que isso, você terá que complementar a diferença com recursos próprios.

Para os demais cursos, também existem tetos de financiamento. Ou seja, mesmo com o FIES, nem sempre você terá 100% das mensalidades cobertas.

Como se inscrever no FIES?

As inscrições acontecem duas vezes ao ano, no início de cada semestre, pelo Portal Acesso Único do MEC. O passo a passo é simples:

  1. Acesse a página do FIES e entre com sua conta gov.br.
  2. Preencha seus dados pessoais, renda e informações da família.
  3. Escolha até três cursos em ordem de preferência.
  4. Finalize e guarde o comprovante de inscrição para acompanhar o resultado.

Fique atento às datas: perder o prazo significa ter que esperar o próximo semestre.

E depois da formatura: como é o pagamento

Uma mudança importante nos últimos anos foi o fim do período de carência.

Hoje, o estudante começa a pagar logo no mês seguinte à conclusão do curso, desde que tenha renda.

Se estiver empregado com carteira assinada, a parcela pode ser descontada diretamente do salário.

Quem não tem renda formal paga apenas uma parcela mínima. O prazo para quitar a dívida pode chegar a 14 anos.

Esse detalhe mostra como é essencial planejar o futuro: mesmo com parcelas baixas, você pode passar boa parte da vida adulta pagando o financiamento.

Fiador e seguro: o que você precisa saber

Em alguns casos, o FIES dispensa fiador, especialmente para quem tem renda per capita mais baixa.

Mas essa regra depende da modalidade e precisa ser verificada no momento da inscrição.

Além disso, existe a exigência de um seguro que cobre a dívida em caso de morte ou invalidez permanente do estudante.

O custo do seguro é do aluno e está no contrato do financiamento.

Comparando: FIES, ProUni e P-FIES

Muita gente confunde os programas. Veja as diferenças principais:

  • ProUni: concede bolsas de 50% ou 100%. Quem consegue não paga nada depois da formatura.
  • FIES: financiamento com pagamento após a conclusão, parcelas ajustadas à renda e possibilidade de até 100% (no caso do Fies Social).
  • P-FIES: linha de crédito oferecida por bancos privados, com regras próprias e sem limite de renda. Aqui, as condições podem ser menos vantajosas, pois dependem da negociação com o banco.

Saber diferenciar ajuda a escolher a melhor opção para o seu bolso.

Um exemplo de custo

Imagine um curso de engenharia com mensalidade de R$ 1.300. Em um ano, o custo chega a R$ 15.600.

Em 5 anos de graduação, são R$ 78 mil, sem contar reajustes anuais, transporte, material e taxas.

Se houver financiamento, o valor pode ser parcelado em até 14 anos, mas os encargos e os juros tornam o custo final bem mais alto do que pagar à vista.

Riscos e cuidados

O FIES pode ser uma oportunidade, mas também traz riscos:

  • Dívida longa: você pode passar mais de uma década pagando.
  • Limite no crédito: um financiamento ativo pode atrapalhar a aprovação em outros empréstimos.
  • Nome negativado: atrasos podem gerar cobrança e até bloqueio no CPF.
  • Curso incompleto: se desistir ou trocar de curso, a dívida continua.

Esses pontos mostram que a decisão precisa ser feita com cautela.

Perguntas frequentes sobre o FIES

Posso financiar 100%?

Sim, mas apenas no Fies Social, para quem está no CadÚnico e tem renda per capita de até meio salário mínimo.

Posso usar no curso de Medicina?

Sim, mas com limite de R$ 60 mil por semestre. Se a mensalidade for maior, você paga a diferença.

Quando começo a pagar?

Logo após a formatura, com parcelas proporcionais à renda.

Preciso de fiador?

Em alguns casos não, principalmente para estudantes de baixa renda.

Então, o FIES vale a pena?

Depende do seu perfil. O FIES é muito útil para quem não tem outra forma de pagar a faculdade e se encaixa nos critérios do programa, especialmente no Fies Social, que cobre até 100%.

Por outro lado, se a mensalidade for muito alta, se o curso não tiver boa empregabilidade ou se você não tiver certeza sobre a área escolhida, pode ser um peso no orçamento por anos.

A melhor escolha é comparar todas as alternativas: bolsas de estudo, ProUni, parcelamentos das próprias faculdades e até cursos a distância, que costumam ser mais baratos.

O importante é entrar em uma faculdade com clareza sobre os custos e com um plano financeiro para o futuro.