O golpe do processo judicial se tornou uma das fraudes mais comuns no Brasil.
Ele atinge pessoas que têm algum processo em andamento, inventário, indenização, ação trabalhista, divórcio, partilha de bens, precatório ou qualquer outro procedimento judicial.
Os golpistas se aproveitam especialmente de situações emocionalmente vulneráveis, como casos de herança após perda de familiares, ou momentos em que o consumidor espera receber valores da Justiça.
Com acesso a dados públicos e técnicas avançadas de engenharia social, eles constroem uma narrativa convincente e se passam por advogados ou representantes de tribunais.
Neste guia, você entende como o golpe funciona, quais sinais de alerta observar e o que fazer para se proteger.
O que é o golpe do processo judicial?
O golpe do processo judicial é uma fraude em que criminosos entram em contato com a vítima, geralmente pelo WhatsApp, fingindo ser:
- um advogado responsável pelo processo;
- um servidor da Justiça;
- um oficial de cartório;
- ou um representante de órgãos como STJ, TJ, TRT e Justiça Federal.
O objetivo dos golpistas é induzir a vítima a pagar valores indevidos ou fornecer dados bancários, usando informações reais do processo para dar credibilidade à abordagem.
Como funciona o golpe do processo judicial
Apesar de existirem variações, o golpe segue um padrão bem estabelecido. Veja o passo a passo:
1. Contato inicial por WhatsApp
Os criminosos enviam mensagens usando:
- foto real de advogados ou servidores,
- nome completo de profissionais registrados na OAB,
- brasões de tribunais,
- documentos falsificados com aparência oficial.
O número utilizado geralmente tem o mesmo DDD da cidade da vítima, o que aumenta a confiança.

2. Uso de informações reais do processo
Para deixar tudo mais convincente, os golpistas mencionam:
- número do processo,
- nome das partes,
- tipo da ação,
- fase atual da tramitação.
Esses dados podem ser obtidos facilmente em processos públicos ou em vazamentos de informação.
3. Criação de urgência
A mensagem costuma afirmar que:
- um valor já foi liberado pela Justiça;
- o processo foi ganho;
- o tribunal solicita documentos imediatamente;
- existe um prazo curto para não perder o benefício;
- é preciso pagar taxas, custas ou impostos “para liberar o dinheiro”.
A urgência é essencial para impedir que a vítima confirme as informações.
4. Exigência de pagamento ou envio de extratos
Os golpistas pedem:
- pagamento via PIX,
- depósito bancário,
- boleto fraudado,
- envio de extrato bancário,
- confirmação de dados sensíveis,
- digitação de códigos enviados pelo banco.
Esses códigos, inclusive, podem autorizar operações financeiras em nome da vítima.
5. Desaparecimento após o pagamento
Uma vez que a vítima envia o dinheiro ou fornece dados bancários, os criminosos bloqueiam o contato e somem.
Sinais de alerta para identificar o golpe
A Justiça não cobra taxas por WhatsApp
Tribunais não pedem pagamento via PIX, TED ou DOC. Qualquer orientação de cobrança por mensagem é sinal claro de golpe.
Advogados não enviam “boas notícias” com promessa de dinheiro imediato
Processos levam tempo. Não existe liberação financeira “para o mesmo dia”.
Mensagens com senso de urgência
Frases como “precisamos liberar o valor hoje”, “último prazo” ou “urgente” são típicas da fraude.
Exigência de extratos ou PDFs bancários
Advogados reais evitam pedir documentos sensíveis por aplicativos de mensagem.
Falta de confirmação pelos canais oficiais
Se o número é novo, desconhecido ou não está listado no site do tribunal/escritório, desconfie.

Por que esse golpe cresce tanto?
Os criminosos aproveitam:
- processos que são públicos, especialmente inventários, ações trabalhistas e indenizações;
- momentos de vulnerabilidade emocional, como perda de familiares;
- expectativa de receber valores altos, como precatórios e acordos;
- a facilidade de falsificar documentos digitais;
- a falta de conhecimento jurídico da maior parte da população.
Além disso, a comunicação informal via WhatsApp facilita a aproximação, muitas pessoas não estranham receber mensagens supostamente profissionais pelo aplicativo.
O que fazer se você caiu no golpe
Se você já enviou dinheiro, extratos ou códigos bancários, aja rapidamente:
1. Faça um Boletim de Ocorrência
Ele pode ser registrado online ou presencialmente.
Inclua:
- prints das conversas,
- contatos utilizados,
- comprovantes de pagamento,
- documentos recebidos.
2. Entre em contato imediatamente o banco
Peça:
- bloqueio da transferência,
- contestação via Mecanismo Especial de Devolução (MED),
- monitoramento de movimentações suspeitas da sua conta.
Quanto antes a comunicação, maiores as chances de recuperação.
3. Avise o advogado real do processo
O profissional pode confirmar que não houve nenhuma solicitação oficial e orientar sobre medidas adicionais.
4. Comunique o tribunal
Relatar a fraude ajuda na investigação e evita que mais pessoas sejam enganadas.
Como se proteger do golpe do processo judicial
Verifique a informação sempre pelo canal oficial
Ligue diretamente para o advogado, escritório ou tribunal antes de acreditar em qualquer mensagem.
Nunca pague nada via WhatsApp
Custas e taxas judiciais são recolhidas via guias oficiais, geradas dentro do site do tribunal.
Peça uma videochamada
Golpistas raramente aceitam, pois não têm como comprovar a identidade.
Ative a verificação em duas etapas no WhatsApp
Isso dificulta a clonagem da sua conta.
Consulte o processo diretamente no tribunal
Acompanhe tudo pelo site oficial da Justiça, evitando intermediários.
Outros golpes semelhantes
O golpe do processo judicial costuma ter variações, como:
Golpe do precatório
Criminosos dizem que há valores liberados e pedem taxas para “desbloquear”.
Golpe do inventário
Muito comum em famílias que perderam entes queridos, quando os golpistas simulam taxas ou impostos para liberar bens ou valores.
Golpe do processo trabalhista
A vítima recebe mensagem dizendo que há uma indenização disponível, condicionada ao pagamento de custas.
Golpe da indenização judicial
Prometem valores altos ganhos em ações inexistentes ou que nunca tramitaram.
Perguntas frequentes
A Justiça pode mandar mensagem por WhatsApp?
Sim, mas somente para comunicações de rotina, nunca para cobranças, pedidos de extrato ou pagamentos.
Os advogados podem pedir extrato bancário pelo WhatsApp?
Não. Documentos sensíveis devem ser enviados por meios seguros.
Custas judiciais podem ser pagas por PIX?
Não. Tribunais usam guias oficiais (GRU, DARF, DARE etc.).
Como saber se a foto do advogado é real?
Consulte o número oficial do escritório ou pesquise o registro dele na OAB.




