Está comprovado através de músicas, do teatro, do cinema, e de inúmeras outras expressões culturais, a estreita relação entre artes, negócios e educação financeira.
Às vezes, essa combinação é tão intrínseca que surgem termos e obras como “a arte de negociar” ou “a arte do aprendizado financeiro”, entre muitos outros exemplos que reforçam as características dessa relação.
Neste sentido, o cinema oferece uma verdadeira obra de arte que contempla o universo dos negócios e que carrega, em si, diversas lições de educação financeira: O Lobo de Wall Street, filme lançado em 2013 e dirigido pelo prestigiado Martin Scorsese.
Para quem ainda não viu o filme, vale acrescentar que nesta obra cinematográfica o ator Leonardo DiCaprio fez um dos melhores papéis ao longo da carreira.
Transparência: a primeira lição financeira de O Lobo de Wall Street
Sem querer dar muito spoiler para quem ainda não assistiu O Lobo de Wall Street, a trama do filme é construída através das ousadas aventuras do personagem principal (interpretado por DiCaprio) no concorrido mercado da bolsa de valores dos Estados Unidos, a partir do final da década de 1980.
Nessa trajetória cheia de riscos, o lobo do Wall Street constrói sua fortuna através da lavagem de dinheiro, até ser investigado e preso pelo FBI, sendo condenado posteriormente pela justiça americana.
No entanto, há como ganhar dinheiro, ficar rico e conquistar diversas benesses sem ter problemas com a polícia e com a justiça, e certamente está uma grande lição que O Lobo de Wall Street oferece para que você não tenha problemas envolvendo seus rendimentos com a lei, seja no presente ou no futuro.
Em outras palavras, em O Lobo de Wall Street fica claro que por mais que uma ou milhares de pessoas possam mascarar seus rendimentos financeiros, existem olhos atentos para qualquer número ou vírgula errada que possa estar presente numa planilha de Excel, ainda mais se parte desses números, ou seu montante, tiver finalidade pública.
Na prática, isso significa que no aprendizado financeiro e nos negócios, você precisa ser transparente consigo mesmo e, consequentemente, com colegas e parceiros de negócio, ou com o mercado e o governo. Isso mostra o quão você está comprometido em trabalhar de forma correta.
O Lobo de Wall Street antecipou o ESG
De forma quase irônica, quis o destino que O Lobo de Wall Street até antecipasse a importância de se trabalhar nos negócios e nas finanças com a nova moda ou paradigma do mercado, o ESG, sigla em inglês para Environmental, Social and Corporate Governance, ou Governança Ambiental, Social e Corporativa.
No caso da obra e do personagem de O Lobo de Wall Street, a principal lição que fica é dos processos de governança corporativa. No entanto, não é preciso ter uma pequena, grande ou média empresa para entender o que o filme e a história de vida de Jordan Belfort revelam: governança financeira feita com estratégias e táticas fraudulentas trazem resultados devastadores.
Na prática, a transparência e uma boa governança financeira proporcionam as seguintes vantagens:
- Organiza de maneira clara a entrada e saída de recursos;
- Ajuda a planejar o presente e o futuro financeiro;
- Mostra seriedade e constrói uma boa reputação;
- Evita constranger leis e normas técnicas em vigor.
Tenha um mentor experiente: a segunda lição de O Lobo de Wall Street
Ainda sem dar muito spoiler, no início do filme O Lobo de Wall Street, o personagem principal tem como chefe um experiente corretor da bolsa de valores, interpretado no filme pelo ator Matthew Mcconaughey.
Através dele, o lobo de Wall Street aprende como funciona o mercado financeiro: os vícios, os padrões, a rotina e o que é relevante e o que pode ser descartado. Em suma, o personagem de Leonardo DiCaprio encontra um mentor que, além de mostrar caminhos, abre portas.
Por mais que pareça difícil, hoje em dia é mais fácil contar com um mentor. O mentor, nesse caso, não precisa ser necessariamente uma figura próxima, como um chefe ou colega de trabalho. Amigos, sites, blogs, e até mesmo textos como esse podem servir de mentoria para que você possa aprender lições essenciais de educação financeira e negócios.
No entanto, não se pode confiar em qualquer tipo de mentoria. É preciso ter confiança na pessoa, empresas ou local de aprendizado que exerce esse papel de orientação financeira. No mais, uma boa mentoria ajuda em:
- Criar, manter e aprimorar o foco nos negócios e nas finanças;
- Entender a importância de hábitos, processos e ritos;
- Compreender os riscos e as margens de erros e acertos de cada operação;
- Ajuda a encontrar uma direção em meio às adversidades financeiras.
Antever mudanças: a terceira lição de O Lobo de Wall Street
Além do ESG, o filme O Lobo de Wall Street ensina como o futuro está tão próximo, e mais fácil de ser compreendido, do que a gente imagina. A obra cobre um período de mudanças significativas no mercado, provocadas por tecnologias e por relações comerciais que ajudaram, no início da globalização, a manipular – para o bem ou para o mal – as finanças pessoais e os negócios.
Mas qual é a lição disso? O Lobo de Wall Street mostra que é preciso ler a realidade e suas tendências, antever movimentos internos e externos, pessoais e empresariais. Em síntese, fazer uma leitura do que está ocorrendo para dar o próximo passo. Isso é importante para:
- Cálculo de riscos de compra e venda, por exemplo;
- Gerenciar recursos financeiros, principalmente os sazonais;
- Investir de maneira eficiente num produto, serviço ou bem material/simbólico;
- Entender onde as pessoas e empresas irão investir nos próximos meses/anos.
Ao assistir O Lobo de Wall Street é possível aprender outras lições valiosas para os negócios e para a educação financeira. Talvez a principal seja: o dinheiro tem um valor que vai além do seu preço, e deve ser considerado um meio, e não um fim, para alcançar uma vida satisfatória.
(Redação: Luis Gabatelli)