Você já imaginou poder parcelar uma compra em até 15 vezes sem ter cartão de crédito? Essa era a promessa da VirtusPay, uma fintech que ganhou destaque no mercado por oferecer esse tipo de facilidade.
Mas a história, que começou com inovação, terminou com calotes, dívidas e milhares de clientes lesados.
Por isso, vamos explicar o que era a VirtusPay, como funcionava, o que deu errado e quais lições podemos tirar dessa história.
O que era a VirtusPay?
A VirtusPay surgiu como uma alternativa ao cartão de crédito.
A ideia era simples: permitir que pessoas parcelassem suas compras online via boleto bancário.
O serviço era voltado principalmente para quem não tinha acesso a crédito no banco ou queria fugir dos juros altos do cartão tradicional.
Como funcionava o serviço
- O cliente fazia uma compra em uma loja parceira.
- A VirtusPay pagava à vista para a loja e parcelava o valor com o consumidor via boletos mensais.
- As taxas de juros variavam de 3,9% a 7,5% ao mês.
- Era possível dividir em até 15 vezes.
Além disso, a VirtusPay usava os limites de crédito de cartões de terceiros para financiar essas compras.
Em troca, essas pessoas ganhavam recompensas, como milhas.
Quando começaram os problemas?
O modelo parecia promissor até que, em 2022, começaram os relatos de atrasos nos pagamentos feitos pela empresa para quem cedia seus cartões.
Com o tempo, ficou claro que a VirtusPay estava sem caixa para cumprir seus compromissos.
Outros fatores que levaram à crise:
- Falta de regulação clara para esse tipo de operação.
- Gestão inexperiente e sem planejamento para cenários de crise.
- Alta dependência de terceiros para manter o funcionamento do serviço.
Segundo o Valor Investe, o calote ultrapassou R$ 17 milhões.
Centenas de investidores e consumidores ficaram sem receber, e a confiança na marca evaporou.
O que aconteceu com os clientes e investidores?
Milhares de pessoas ficaram no prejuízo. Muitos tinham valores altos parcelados em seus cartões e passaram a receber cobranças mesmo sem nunca ter feito a compra.
Clientes relataram o caso em massa no Reclame Aqui. A empresa está classificada como “Não Recomendada” e não possui o selo “RA Verificada”, indicando falta de verificação e confiança.
Das 16 reclamações registradas entre março e agosto de 2024, nenhuma foi respondida, e todas permanecem pendentes.
Os principais problemas relatados incluem:
- Falta de pagamento das faturas do cartão de crédito
Consumidores relatam que a VirtusPay não está pagando as faturas dos cartões conforme prometido no contrato de cessão de limite.
Isso resultou em inadimplência, cobrança de juros e negativação dos nomes nos órgãos de crédito.
- Desaparecimento da empresa / falta de contato
Reclamações mencionam que a empresa parou de responder mensagens, e-mails e chamadas após junho/julho de 2022.
Clientes relatam que estão “sem resposta há meses”.
- Suspensão de pagamentos sem aviso prévio
Muitos usuários disseram que a VirtusPay interrompeu os pagamentos das faturas sem qualquer comunicação oficial.
Alguns relataram perda de milhas acumuladas nos cartões, além de danos ao score de crédito.
- Propaganda enganosa
Há queixas de que a empresa fez promessas não cumpridas sobre prazos de pagamento, recompensas (como cashback ou milhas), e segurança da operação.
- Problemas com reembolso e estorno
Clientes que tentaram cancelar a operação ou buscar ressarcimento alegam não conseguir recuperar valores cedidos.
A VirtusPay foi processada?
Sim. O Ministério Público da Bahia abriu uma ação civil pública contra a fintech por prática abusiva e omissão.
Muitos consumidores entraram com processos individuais para tentar reaver os valores pagos.
A VirtusPay ainda existe?
A empresa não declarou falência formalmente, mas saiu do mercado e deixou de operar com o modelo antigo.
Em 2023, o CEO chegou a prometer reestruturação com uso de capital próprio, mas não houve mais atualizações públicas desde então.
O que podemos aprender com esse caso
Esse tipo de situação serve de alerta para consumidores e investidores terem cuidado com golpes.
Antes de aderir a soluções financeiras inovadoras, é fundamental:
- Pesquisar a saúde financeira da empresa.
- Entender os riscos do modelo de negócio.
- Verificar se há regulação do Banco Central.
- Consultar plataformas como o Reclame Aqui antes de contratar.
E nunca compartilhe seu cartão com terceiros ou aceite propostas “milagrosas” sem entender todos os riscos envolvidos!
O caso da VirtusPay é um exemplo clássico de como uma ideia inovadora pode desmoronar sem uma base sólida.
Prometer facilidade é fácil — entregar com responsabilidade é outra história!
Se você pensa em usar serviços financeiros alternativos, o segredo está na pesquisa e na precaução.
Não entre em furadas por impulso!
Perguntas frequentes sobre a VirtusPay
A VirtusPay faliu?
Formalmente, não. Mas deixou de operar e não retomou as atividades até hoje.
Posso recuperar meu dinheiro?
Quem foi lesado pode recorrer à Justiça. Muitos consumidores estão sendo representados por ações coletivas.
A VirtusPay era legal?
Sim, era uma empresa registrada. Porém, atuava num modelo pouco regulado, o que aumentava os riscos.
Como evitar cair em armadilhas semelhantes?
Sempre pesquise a empresa, leia avaliações, veja se é fiscalizada por órgãos como o Banco Central e, se possível, use soluções já consolidadas no mercado.