Fazer compras é muito fácil! Basta passar o cartãozinho e tudo está feito. O problema vem no final do mês, quando a fatura do cartão de crédito chega e bate o desespero. E quando o salário não dá, a saída acaba sendo pagar o mínimo da fatura do cartão de crédito ou, no limite, deixar a dívida para o mês seguinte.
Nos dois casos, você entra em uma bola de neve crescente do juro rotativo do cartão de crédito. A taxa de juros do cartão de crédito rotativo para o chamado cliente regular, que paga o mínimo da fatura dentro do prazo regular, variou de 327,84% ao ano em dezembro para 329,30% em janeiro, de acordo com o Banco Central (BC).
Ao parcelar ou adiar o pagamento da fatura do cartão de crédito, muita gente entra no ciclo de endividamento. A consequência disso, é ter o nome negativado. Mas não adianta desesperar ou chorar pelo leite derramado. É preciso encarar a situação e tentar resolvê-la da forma mais inteligente possível.
A primeira pergunta que você deve fazer é: eu tenho ou não o dinheiro para pagar essa fatura? Se a resposta for sim, pague IMEDIATAMENTE. As dívidas do cartão de crédito são uma das piores que se pode ter, isso porque os juros cobrados são altíssimos. Pagar será o melhor caminho.
Dicas para pagar a fatura do cartão de crédito
Se por acaso você respondeu não para a pergunta acima, ou seja, você afirma que não tem dinheiro para pagar a fatura, volte à pergunta e pense mais uma vez. Será que não tem condições. MESMO? Será que você não consegue esse dinheiro de algum jeito? Fazendo um trabalho extra, vendendo alguma roupa ou um bem que você tenha ?Enfim, será que não tem nenhuma forma, lícita, de conseguir esse valor?
Uma alternativa é buscar por parentes, amigos, que têm o montante disponível, e não se importam de emprestar. Mas tome muito cuidado, tenha absoluta certeza que vai honrar esse compromisso. Caso contrário perderá o amigo ou o parente. Da mesma forma, você pode oferecer algum serviço ou ajuda ao seu amigo ou parente em troca dessa quantia que precisa.
Se nenhuma dessas dicas funcionar, vá ao banco e busque por empréstimos mais em conta, com juros mais baixos, para quita a dívida do cartão. Pesquise por empréstimos (cujos juros, em geral, são bem menores do que os do cartão de crédito) ou outra forma de crédito que você dê algum bem como garantia.
Você deve estar pensando, mas eu vou fazer uma nova dívida para pagar a dívida do cartão? SIM! Exatamente isso. Nestas formas de empréstimo, os juros são mais baixos! Essa nova dívida irá “aumentar” menos do que a dívida do cartão de crédito. Por isso, é importante ficar livre o quanto antes da dívida do cartão de crédito.
O rotativo e o parcelamento
Se você chegou até aqui já deve ter entendido que quando não paga o total da fatura, o valor remanescente vai para o próximo mês e sobre ele incidem juros altíssimos. Esperamos que você não seja aquele tipo de pessoa que chega a fatura e vê escrito “pagamento mínimo” e pensa “nossa, o banco é tão bonzinho, só me pediu pra pagar o mínimo”. E no mês seguinte vem a facada!
Até 2018, os Bancos e operadoras de cartão de crédito exigiam o pagamento de no mínimo 15% da fatura. As regras mudaram e o percentual não é mais fixo. O Banco Central deu a liberdade dos Bancos definirem qual o valor desse percentual mínimo, podendo ser inferior ou superior.
Basicamente ocorria o seguinte: você pagava o mínimo, não ficava inadimplente, não sujava o seu nome. Mas em relação aos outros 85% da fatura, o valor iria vir na fatura seguinte, acrescidos de juros, entrando no chamado sistema Rotativo.
Para saber mais sobre o rotativo, clique aqui.
Desde julho de 2018, surgiu uma terceira opção, o parcelamento. Antigamente as operadoras de cartão liberavam o parcelamento quando elas queriam, mas agora já deve vir expresso na fatura uma forma de parcelamento.
O Banco Central também determinou que o devedor só poderá ficar no rotativo por 30 dias e depois terá a alternativa de parcelamento com juros mais baixos. Acredite, até 2018, o rotativo era sem fim, só vinham juros sob juros em cima de cada parcela que se acumulava.
Não deixe que o banco parcele automaticamente a sua dívida! Como já falamos um pouco anteriormente, o próprio banco, tem linhas de crédito que o devedor pode solicitar para quitar essa dívida. Linhas de crédito que sairão mais baratas, com juros mais baixos. Acontece que é bem provável que o banco NÃO vai oferecer essas alternativas, porque assim ele ganhará menos dinheiro.
É melhor o rotativo ou o parcelamento ?
Vamos dar um exemplo de fatura para que você decida qual seria a melhor forma de pagamento da dívida.
A) Pagamento total: R$ 600
B) Pagamento rotativo: a partir de R$ 200 ( pagamento mínimo)
C) Parcelamento: R$ 65 de entrada + 23 parcelas fixas de R$65
Vamos imaginar que você realmente não tem os R$ 600 e tem de escolher por pagar o mínimo e entrar no rotativo, ou pagar o parcelamento.
Se você optar pelo parcelamento, deve pagar EXATAMENTE o valor determinado pela fatura, os R$65. A operadora vai entender que você pagou a primeira parcela e está automaticamente aderindo ao parcelamento.
O rotativo é diferente, você pode pagar qualquer valor a partir de R$ 200 até R$ 599,99 ( Lembrando que R$ 600 é o valor total).
Como escolher? Se você tem disponível algum valor próximo dos R$600, o ideal é optar pelo rotativo. Se você tem R$ 500, por exemplo, pague. Os R$ 100 restantes vão entrar na próxima fatura, com juros. Então isso quer dizer que no próximo mês você tem que gastar menos do que está acostumado, porque a conta virá maior.
Quando não puder pagar o valor inteiro da fatura e nem o mínimo para o rotativo, procure o seu banco e descubra qual é a melhor opção de crédito para você.
Faça isso antes mesmo que chegue a fatura. Se perceber que vai passar, se antecipe e entre em contato com o banco. Solicite um empréstimo, se puder opte pelo consignado ou o empréstimo com bem (carro, moto ou imóvel) em garantia. Mas MUITA ATENÇÃO, mesmo que o banco ofereça mais dinheiro do que precisa, não pegue. Se você precisa de R$600 e o banco oferece R$1000, pegue apenas os R$600. Só pegue o valor que precisa para se livrar da dívida alta.
O que fazer para não extrapolar no cartão de crédito ?
Controle de gastos não é fácil! É uma tarefa que envolve muita disciplina e começa com uma mudança de mentalidade.
O modo pelo qual você lida com o cartão de crédito deve mudar. Você tem que ter definido quanto poderá gastar por mês, o limite! Deixe todos os seus gastos anotados e, à medida que for usando o cartão, destaque o quanto ainda pode gastar. Lembre-se que o seu limite vai diminuindo ao longo do mês.
Se perceber que vai passar do limite, promova reduções dentro do seu cotidiano. Pegue a fatura e veja no que extrapolou. Reduza o pacote da internet, algum gasto no supermercado. É muito importante que tente reduzir todos os itens de compra, não só os da fatura do cartão, mas o débito automático, os boletos.
Julia Camara escreve regularmente para o site Regra Clara, criado para simplificar o entendimento dos nossos direitos e deveres!