Consórcio: guia para você entender como funciona hoje mesmo!

Por: Ariane Terrinha em 10/01/2021
consórcio

Engana-se quem pensa que os consórcios no Brasil estão em queda com a pandemia. O processo vem sendo justamente o inverso. Essa modalidade é considerada um dos melhores investimentos dos últimos anos.

Ideal para quem deseja aplicar sem se descapitalizar, pagando ainda parcelas que cabem dentro do orçamento, os consórcios vêm atraindo cada vez mais pessoas.

De janeiro a novembro do ano passado, 2,77 milhões de cotas de consórcio foram vendidas, um recorde para o setor, já que representa uma taxa 4,9% superior à do mesmo período de 2019.

Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira das Administradoras de Consórcio (Abac), que ainda apontou um volume financeiro de R$ 150,53 bilhões, expansão de 23,4%.

O número de consorciados atuais no Brasil é de 7,71 milhões, que contribuem para um tíquete médio da cota na ordem de R$ 63,78 mil.

O que é consórcio?

O consórcio é, de maneira resumida, uma modalidade de aquisição, baseada na união de pessoas que têm o objetivo comum de adquirir um mesmo bem ou serviço.

Mensalmente, todos os integrantes contribuem com um valor determinado, formando uma poupança comum a todos.

Até o fim do período estipulado em contrato, todos têm acesso à sua carta de crédito e podem adquirir o bem desejado.

Caso você queira aumentar as chances de contemplação, existe a possibilidade de ofertar um lance, que nada mais é que um valor oferecido pelo participante como antecipação de parcelas do consórcio.

É possível planejar diversos tipos de aquisição, pois existem consórcios para bens móveis (como carros, motos e caminhões), imóveis (casas, apartamentos e prédios comerciais) e até serviços (viagens, tratamentos estéticos etc).

O consórcio é seguro?

Sim. O consórcio é organizado por empresas, chamadas de administradoras e o funcionamento delas é fiscalizado pelo Banco Central do Brasil (BCB).

Como é isso que garante a segurança das suas transações, é muito importante que você cheque a lista no site dessa instituição fiscalizadora no site do BC antes de começar a investir nesta modalidade.

Como um consórcio funciona na prática?

Existem consórcios para os mais variados tipos de bens, mas a grande maioria está direcionada à aquisição de automóveis, motocicletas e imóveis. Basicamente, a pessoa que ingressar em um consórcio vai pagar o valor do bem desejado e uma taxa de administração, da ordem de 18%. O montante será diluído em parcelas.

E por serem muitas vezes mais adequadas ao orçamento, as parcelas do consórcio acabam atraindo o investidor de perfil tradicional. No papel, naquela hora de fazer as contas finais do investimento total que será aplicado, aderir a um consórcio pode ser muito mais vantajoso que contrair um financiamento.

Cada administradora de consórcio oferece uma gama de produtos, o que significa que o cliente pode escolher entre diferentes valores de créditos, parcelas e prazos de pagamento.

Essa liberdade de escolha oferece a você o conforto de poder optar pelo plano que se adequa melhor às suas possibilidades financeiras. Depois de decidir a melhor opção para você e assinar o contrato, você se torna um consorciado e passa a ser identificado pelo número da sua cota no grupo.

A partir disso, você começa a pagar as parcelas do seu consórcio.

Como são calculadas as parcelas?

O cálculo das parcelas é feito dividindo o valor da carta de crédito pela quantidade de meses de pagamento.

Também entra nessa soma a taxa de administração cobrada pela empresa para organizar todos os detalhes do grupo, bem como o fundo de reserva e em alguns casos o seguro.

Como a gente já destacou, a quantia que todos os consorciados paga por mês forma uma reserva, a fim de que cada um dos integrantes do grupo seja contemplado e tenha acesso ao seu bem.

O Que é Um Lance No Consórcio?

Essa é a outra possibilidade de aquisição do bem a cada assembleia do grupo.

Nesse tipo de ação, o participante fica apto a oferecer uma quantia para antecipar parcelas futuras e receber a carta de crédito de forma antecipada.

Caberá à administradora a responsabilidade de levantar os lances mais altos ofertados. Caso ocorra um ’empate’ nos valores, o beneficiado será decidido por meio de sorteio. Só o contemplado poderá pagar pelo lance oferecido. 

Como funcionam as contemplações do consórcio?

As contemplações acontecem todos os meses nas assembleias do grupo e podem ser de dois tipos: sorteio ou lance.

O sorteio serve para definir a ordem de recebimento do crédito, já que todos os consorciados serão contemplados até o fim do grupo.

Já o lance é a oferta de um valor que serve para aumentar as chances de antecipar a contemplação do consorciado.

Ao ser contemplado, o consorciado tem acesso à sua carta de crédito que possibilita a aquisição do bem ou serviço. É importante ressaltar que o consorciado precisa atentar aos detalhes do processo que se inicia após a contemplação.

Esse processo pode variar de acordo com cada administradora, por isso é importante ficar atento ao que consta no contrato de adesão.

Com a contemplação no consórcio e todas as etapas subsequentes cumpridas, o consorciado pode, então, escolher o bem ou serviço desejado para comprá-lo.

Consórcio é investimento ou despesa?

Um consórcio pode ser descrito como uma maneira programada de economizar dinheiro. Seria uma, digamos, poupança turbinada.

Sendo assim, o consórcio pode ser considerado uma forma de investimento.

Considere a palavra investimento, de acordo com o dicionário:

  1. ato ou efeito de investir(-se).
  2. aplicação de recursos, tempo, esforço etc. a fim de se obter algo.

A partir da definição da palavra, consórcio já é sim um investimento. Na linguagem de educação financeira, definimos investimento como: dinheiro + tempo = investimento.

Diante de tudo isso, consórcio é sim considerado um investimento e não uma despesa.

Perguntas frequentes

Confira as principais perguntas sobre consórcio.

Posso Receber o Crédito Do Consórcio Em Dinheiro?

Ao ingressar na modalidade, a pessoa precisa ter em mente que será contemplada com o crédito para a aquisição do bem, e não ao valor em espécie.

O pagamento é realizado diretamente pela administradora ao fornecedor escolhido pelo consorciado.

Todavia, em alguns casos e seguindo regras estabelecidas, é possível receber o crédito em dinheiro.

  • A primeira opção é em caso de encerramento do consórcio ou mudança no meio do caminho de valores ou regras do plano adquirido
  • A outra situação está regulamentada pela Circular nº 3.432, expedida pelo Banco Central. Nessa regulamentação, o consorciado tem o direito de receber o dinheiro em espécie após 180 dias desde que tenha quitado todas as suas obrigações financeiras com o plano contratado, ou seja, efetuado o pagamento de todas as parcelas.

Com esse prazo de seis meses, o consorciado que atende aos requisitos apresentados pode escolher se mantém o crédito, se adquire o                bem ou serviço ou se a preferência será pelo recebimento do valor em dinheiro.

  • Ele só não estará sujeito ao prazo de 180 dias se o grupo ao qual o consorciado faz parte for encerrado antes. A partir daí, vale a data da última assembleia geral, com a empresa tendo 60 dias para enviar uma carta aos integrantes informando que o dinheiro estará disponível em espécie
  • Ao consorciado que optar pela retirada em espécie, é importante ter em mente que o valor disponibilizado será atualizado até a data da contemplação, somado aos rendimentos financeiros.

Eu Posso Adquirir Um Bem Abaixo Do Valor Do Consórcio e Usar o Dinheiro Restante?

De acordo com as normas, caso o consorciado utilize o valor para adquirir um bem inferior ao crédito disponibilizado  a diferença deve ser utilizada, a critério do consorciado, para:

  1. Pagamento de obrigações financeiras, vinculadas ao bem, observado o limite total de 10% do valor do crédito objeto da contemplação, relativamente às despesas com transferência de propriedade, tributos, registros cartoriais e instituições de registro e seguros;
  2. Quitação das prestações vincendas (parcelas restantes e que estão para vencer) na forma estabelecida no contrato
  3. Devolução do crédito em espécie ao consorciado quando suas obrigações financeiras, para com o grupo, estiverem integralmente quitadas.

Atrasei a Parcela do Consórcio, e Agora?

Ser inadimplente em um consórcio implica em uma perda considerável, já que você pode ser impedido de adquirir o bem ou serviço em um sorteio, por exemplo.

Geralmente, as administradoras cobram até 1% ao mês e multa de 2% sobre as prestações atrasadas.

O valor base para a cobrança das taxas é calculado a partir do preço atualizado do bem ou serviço contratado no plano.

No entanto, muitas administradoras preferem abrir mão dessa cobrança. O objetivo é estimular o consorciado a não desistir e mantê-lo no grupo.

Então, o melhor caminho a se tomar quando uma parcela ou várias estão em atraso é se reunir com sua administradora e buscar uma negociação da dívida, garantindo seus direitos.

Qual é o principal ponto negativo?

A incerteza. Por vezes, tudo depende da sorte. Um consorciado pode tomar posse do bem um mês depois de assinar contrato. Isso acontece porque todo mês há um sorteio que contempla um dos integrantes.

Outros, por sua vez, só adquirem o objetivo planejado após o pagamento de todas as prestações. Há ainda a opção de um lance. O consumidor que oferecer um valor maior, leva o bem.

Esse dinheiro aplicado como se fosse um leilão é abatido no custo final do bem adquirido.

Consórcio vale a pena?

Os consórcios podem ser muitas vezes subestimados pelos economistas, mas podem ser também denominados como uma espécie de poupança com um objetivo definido.

Há de se recordar que o investimento na tradicional poupança foi algo que também apresentou crescimento no ano passado.

Mas para que um consórcio realmente valha a pena, o consorciado deve ter paciência. Essa é uma forma de juntar patrimônio com um objetivo extremamente específico.

O entendimento essencial é saber que essa modalidade de investimento é de longa duração. Em um consórcio de imóveis, por exemplo, o prazo médio é de 213 meses; em veículos, 86 meses.

Três situações também precisam ser levadas em conta por quem deseja ingressar em um consórcio:

  • Não ter o dinheiro para executar o pagamento do bem à vista
  • Não ter urgência para ter posse desse bem
  • Admitir que não tem disciplina para investir todos meses em uma aplicação

Dicas para entrar em um consórcio

Para você participar de um consórcio sem preocupações e aguardar tranquilamente a contemplação, confira seis dicas que listamos para você, a seguir:

  1. Saiba quanto você pode investir por mês;
  2. Escolha o consórcio mais adequado as suas condições e necessidades;
  3. Considere possíveis imprevistos;
  4. Tenha uma reserva financeira;
  5. Pesquise uma administradora de confiança no mercado;
  6. Prepare seu orçamento para a contemplação.

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