Alienação fiduciária: como funciona, riscos e tudo o que você precisa saber

Entenda de forma simples o que é alienação fiduciária e como ela funciona em financiamentos e empréstimos

Por: Ariane Terrinha em 26/08/2025
Tempo de Leitura: 5 minutos
alienação fiduciária

Se você já financiou um carro, pensou em comprar um imóvel ou pesquisou sobre empréstimos com garantia, provavelmente se deparou com o termo alienação fiduciária. Mas, afinal, o que isso significa na prática?

Esse conceito pode parecer complicado, mas está presente em grande parte das operações de crédito no Brasil.

Ele é o que permite que bancos e financeiras ofereçam juros mais baixos e prazos maiores, ao mesmo tempo em que garante ao cliente o direito de usar o bem durante o pagamento da dívida.

O que é alienação fiduciária?

A alienação fiduciária é um tipo de garantia usada em financiamentos e empréstimos no Brasil.

Nela, o cliente transfere a propriedade legal do bem para o banco ou financeira, mas mantém a posse direta, ou seja, pode usar o carro, imóvel ou outro bem normalmente.

Isso significa que:

  • O banco é o dono jurídico do bem até a quitação.
  • Você é o possuidor e pode usufruir dele, desde que mantenha os pagamentos em dia.

Esse modelo surgiu para dar mais segurança às instituições financeiras, reduzindo riscos de calote. Em contrapartida, ele permite ao consumidor acessar crédito com juros menores e prazos maiores.

Legislação

  • Imóveis: regulamentados pela Lei nº 9.514/1997.
  • Veículos e bens móveis: regulamentados pelo Código Civil (artigos 1.361 a 1.368-B).

Como funciona a alienação fiduciária na prática

Vamos a um exemplo simples:

Imagine que você financie um carro de R$ 60 mil.

  • O veículo é registrado no Detran como alienado ao banco.
  • Você pode dirigir normalmente, mas o banco é o dono jurídico.
  • Ao quitar todas as parcelas, o carro passa definitivamente para o seu nome.

Se não pagar, o banco pode entrar com uma ação de busca e apreensão, tomar o veículo e levá-lo a leilão.

Esse mesmo mecanismo vale para imóveis ou empréstimos com garantia.

Tipos de empréstimos com alienação fiduciária

A alienação fiduciária aparece em três modalidades muito comuns no mercado:

1. Empréstimo com garantia de imóvel

Esse tipo é bastante usado para quem precisa de valores altos e pode comprometer o imóvel temporariamente.

2. Empréstimo com garantia de veículo

  • Liberação de até 90% do valor de tabela.
  • Prazos entre 48 e 96 meses.
  • O carro continua com você, mas consta como alienado no documento.
  • Após quitação, o Detran faz a baixa do gravame em até 10 dias.

É uma opção para quem precisa de crédito mais rápido e com valores menores do que o empréstimo com imóvel.

3. Financiamento direto (carros e imóveis)

Quando você compra um bem financiado, a alienação fiduciária já está presente no contrato. É o caso de:

  • Carros financiados: até terminar de pagar, o banco é o dono legal.
  • Imóveis financiados: até a quitação, a matrícula fica em nome da instituição.

Quitação da alienação fiduciária

A quitação acontece quando você paga a última parcela do contrato. Nesse momento:

  • O banco emite um termo de quitação.
  • Para veículos, a baixa no Detran acontece em até 10 dias.
  • Para imóveis, é necessário ir ao cartório para registrar a baixa na matrícula.

Somente depois disso o bem fica 100% em seu nome.

Vantagens e desvantagens da alienação fiduciária

Vantagens

  • Juros menores que outras linhas de crédito.
  • Prazos mais longos de pagamento.
  • O cliente mantém o uso do bem.
  • Processo mais ágil que outras garantias (como hipoteca).

Desvantagens

  • Risco real de perder o bem em caso de atraso.
  • O bem não pode ser vendido ou transferido sem quitação.
  • Em veículos, se o leilão não cobrir a dívida, você ainda pode ser cobrado pela diferença.

Riscos e cuidados antes de contratar

Riscos

  • Inadimplência: você perde o bem dado em garantia.
  • Leilão: o valor pode ser menor do que o da dívida (no caso de veículos).
  • Dificuldade de negociação: a instituição tem prioridade sobre o bem.

Cuidados

  • Verifique se as parcelas cabem no seu orçamento.
  • Leia o contrato com atenção e entenda todas as cláusulas.
  • Pesquise instituições sérias e com boa reputação.
  • Saiba que, em caso de morte, a dívida passa aos herdeiros até o limite da herança.

Perguntas frequentes

O que significa alienação fiduciária?

É a transferência da propriedade do bem ao banco como garantia, enquanto o cliente segue com a posse e uso.

Como retirar a alienação fiduciária do veículo?

Após a quitação, o banco solicita a baixa do gravame no Detran, que deve acontecer em até 10 dias úteis.

O que acontece se não pagar a alienação fiduciária?

O banco pode retomar o bem por busca e apreensão e levá-lo a leilão. Em veículos, se o valor não cobrir a dívida, o cliente ainda pode ser cobrado.

Como tirar alienação fiduciária do FGTS?

O FGTS pode ser usado para amortizar ou quitar financiamentos imobiliários com alienação fiduciária, mediante solicitação na Caixa.

Pode vender carro com alienação fiduciária?

Sim, mas a dívida precisa ser quitada primeiro. Normalmente, parte do valor da venda é usado para pagar o banco.

Quais são os riscos da alienação fiduciária?

O principal risco é perder o bem em caso de inadimplência. Além disso, o bem fica restrito para venda ou transferência até a quitação.

Quem é o proprietário do bem em uma alienação fiduciária?

O banco ou financeira é o dono jurídico. O cliente só se torna proprietário após quitar a dívida.

Qual o risco de comprar um veículo com alienação fiduciária?

O risco é assumir uma dívida que não é sua. Por isso, o vendedor precisa quitar ou transferir o financiamento antes da venda.

É possível transferir um veículo com alienação fiduciária?

im, mas exige autorização da instituição e quitação parcial ou total da dívida.

Qual o valor para tirar alienação de veículo?

Não há custo específico para a baixa. O valor é o da dívida total que precisa ser quitada.

A alienação fiduciária é hoje a principal forma de garantia em financiamentos e empréstimos no Brasil. Para os bancos, representa segurança. Para os clientes, significa acesso a crédito mais barato.

No entanto, exige responsabilidade: se as parcelas não forem pagas, o bem pode ser retomado. Por isso, antes de assinar um contrato desse tipo, analise sua situação financeira, compare propostas e escolha instituições confiáveis.