Alugar ou comprar um imóvel? Eis a questão

Alugar ou comprar uma casa é uma grande decisão e há prós e contras em cada opção. O Plusdin vai te ajudar com essa dúvida trazendo a opinião do consultor de gestão de negócios e educador financeiro Leonardo Lamounier.

Por: Ariane Terrinha em 31/01/2021
alugar ou comprar um imóvel

Alugar ou comprar um imóvel: o que é melhor? Essa é uma das principais dúvidas dos brasileiros. Comprar uma casa pode ser algo muito bom, mas tornar-se proprietário antes de estar pronto pode ter caras consequências.

Quanto você economizou, quanto tempo permanecerá em um local e as condições atuais do mercado são os principais fatores para decidir se você deve alugar ou comprar.

Para a maioria de nós, comprar uma casa (ou não) é a maior decisão financeira de nossa vida. Por isso, é muito importante levar em consideração o momento que estamos vivendo.

O mito do sonho da casa própria

Casa própria é o principal sonho da população brasileira. A sensação de segurança, bem-estar, um cantinho para chamar de seu, de conquista de uma vida inteira de trabalho árduo faz com que o imóvel encabece a lista de desejo dos brasileiros.

“Fuja do aluguel, concretize o sonho da casa própria” é o banner chamativo que tem na cabeça da maioria da população brasileira.

Mas será que é isso mesmo? Será que vale a pena qualquer coisa para comprar um imóvel ao invés de alugar? Vamos aos fatos!

Fatos Importantes sobre alugar ou comprar um Imóvel

O mercado imobiliário é o maior de todos (e muito tradicional entre os brasileiros!). Imóveis fazem parte da nossa vida desde o nascimento e estão entre as principais decisões que tomamos ao longo da vida.

Define-se imóvel como um bem ou propriedade que não se pode transportar de um lugar para outro sem que se altere sua essência, podendo ser adquirido em forma de compra, troca ou aluguel.

Os imóveis são uma das maiores fontes de segurança para o ser humano, assim como geram rentabilidade, pelo aluguel, e patrimônio, ao serem incorporados, construídos e vendidos, ou simplesmente se comprados por preços mais baixos e vendidos com lucro

As pessoas têm como patrimônio fundamental sua casa, e historicamente é o local da segurança. Ter um endereço “fixo” é significado de dignidade humana: esse é um dos maiores valores do imóvel na sociedade.

Com essa importância, é natural que o imóvel, de forma geral, tenha fama de ser um bom negócio, pois todos precisam dele e lhe dão um valor fundamental em razão dele propiciar o bem estar próprio e o de suas famílias

Alugar, comprar um imóvel ou financiar? Entenda os argumentos

Aqui vamos tratar o imóvel como moradia. A conversa de imóvel para investimento fica para depois.

O argumento de quem compra é de que pagando à vista eu não pago prestação com financiamento.

O imóvel quitado é 100% do dono que pode, assim, fazer várias modificações nas instalações. Além disso, argumenta-se que o imóvel comprado se valoriza ao longo do tempo e, assim, se o comprador precisar, poderá vendê-lo mais caro.

Custos envolvidos na aquisição

Muitas famílias tentam comprar um imóvel no limite máximo de dinheiro disponível para esse empreendimento esquecendo-se completamente dos custos invariáveis que um imóvel tem.

Quem compra à vista tem a sensação de ficar livre de parcelas de financiamento ou aluguel. Mas o erro consiste em imobilizar um capital grande, às vezes todo o capital familiar construído fruto do trabalho, em um empreendimento que gera despesa. Principalmente os mais jovens que têm uma longa carreira pela frente.

Lucro Futuro

O argumento de quem financia é bem parecido de que quem compra: não pago prestação de aluguel para os outros, a prestação do financiamento é mais baixa e o imóvel é meu e eu posso mudar a estética dele a hora que eu quiser sem me preocupar com o proprietário deixando uma cartinha de baixo da porta pedindo a dispensa do inquilino.

Também se tem o argumento de que o imóvel se valoriza e poderá ser vendido com lucro futuramente. Os dois argumentam de que imóvel próprio é investimento. Então, novamente, temos famílias dando a maior entrada possível no financiamento para pagar a parcela do financiamento no limite de sua renda e negligenciando completamente todos os custos proveniente do imóvel.

Geralmente contratos de financiamentos imobiliários são de longo prazo. Famílias costumam negligenciar que financiamento é uma dívida. Você não paga aluguel do imóvel, mas paga aluguel do dinheiro que o banco te emprestou em forma de juros, pois você não tinha esse montante. Assim, uma dívida de 40 anos é feita. Caso você não honre essa dívida, você sairá do imóvel, porque, na verdade, esse ativo é do banco e não seu.

Muitas vezes, o argumento de quem aluga é uma espécie de vítima. No meio de uma conversa, muitas vezes, quem mora de aluguel fala em tom desanimador.

A sensação que essa pessoa demonstra é que ela não tem dinheiro nem para dar entrada em um financiamento e nem para comprar um à vista. São raros os que alugam um imóvel com convicção. Dos que alugam com certeza, o argumento é de que ele está no momento de acúmulo de capital e de que tem algum investimento que dá um retorno para ele maior que o pagamento de aluguel.

Imóvel próprio é investimento?

O balanço patrimonial pessoal pode ser considerado uma fotografia da situação do patrimônio de uma pessoa em determinado momento. Ele releva o que foi feito com a renda percebida ao longo da vida e indica se os recursos foram utilizados de forma construtiva, visando formar um patrimônio.

A soma de todos os ativos (valor atual de mercado), descontadas as dívidas (saldo devedor), resultará no patrimônio líquido do indivíduo, que é a riqueza formada até aquela data. Considera-se imóvel como um ativo pessoal ou, no popular: um patrimônio.

O problema não está nesse conceito, mas no entendimento dele. É interessante distinguir os ativos de uso pessoal, que geram despesas, e os ativos que geram renda.

Imóvel Próprio: fonte de renda ou fonte de despesa?

O imóvel residencial é considerado um ativo de uso pessoal. Ele proporcionam conforto e bem-estar, entretanto, é uma fonte de DESPESA. Pode ser no m² mais caro da cidade ou até no menos valorizado, uma coisa é certa, o ativo imobilizado DEPRECIA.

Depreciação é a perda do valor de um bem por seu uso, desgaste ou obsolescência. Você “consome’’ esse imóvel e ele não te gera receita constante. O imóvel fica velho, constrói um ao lado mais moderno e acaba desvalorizando o seu, manutenções pelo uso e desgaste com o tempo.

E é aqui que se invalida o argumento de que imóvel para uso de moradia é investimento. Entenda de uma vez por todas: se o imóvel não te gera renda proveniente de ganho na valorização ou locação, ele é para você fruto de despesa e, portanto, não é investimento!

Esse erro de conceito é comum nas famílias brasileiras e a consequência disso são famílias sem fontes de receita de trabalho ou de investimentos mesmo com um imóvel quitado, mas com manutenção precária, dívidas de IPTU, água, luz e condomínio.

Muitas vezes, para quitar todas essas dívidas, vende-se o imóvel e o patrimônio familiar diminui gerando a sensação de desconforto e de que uma vida inteira de esforço escorre pelas mãos

Essa abordagem ficando clara, vamos mostrar se é melhor comprar ou alugar.

Seu momento de vida define alugar ou comprar o imóvel

A compra ou aluguel de um imóvel não pode ser decidida apenas levando em consideração o financeiro. O sonho da casa própria não deve ser negligenciado, mas deve ser planejado da forma correta.

Então, a escolha correta entre compra e aluguel deve ser feita pensando no montante de capital que você tem e no seu momento de vida. Como assim?, talvez você esteja se perguntando.

Se você não tem um montante grande de dinheiro, você acabará morando de aluguel. Isso não é ruim e nem está errado. Você está em construção do seu patrimônio e o que deve ser feito é barganhar um valor de aluguel em um imóvel de acordo com suas necessidades, às vezes até perto do trabalho para que você, por exemplo, economize com deslocamento.

Com o aluguel e com a vida em construção, você tem a liberdade de escolher um apartamento com a quantidade de quartos para a família em construção bem como liberdade geográfica caso venha receber uma proposta de mudança de cidade ou até para o exterior.

Com uma escolha consciente, o aluguel não te deixa “imóvel” e você não terá a sensação de desconforto por morar de aluguel.

Alugar ou comprar um imóvel: como decidir?

Após um período de concentração grande de capital, você pode escolher se continua morando de aluguel ou se compra um imóvel, seja financiado ou não.

O aluguel para recém-casados, que ainda estão moldando a família com a criação de filhos, pessoas em começo de carreira profissional com perspectiva de transferência de emprego e cargo, com absoluta certeza, devem alugar. Só é válida a compra caso a família tenha um grande patrimônio.

Para valer a pena morar de aluguel, deve-se avaliar se o patrimônio alocado nos investimentos da família proporcionam uma renda superior caso a família fosse adquirir esse imóvel.

Na ponta do lápis

Se o lucro dos negócios familiares for maior, a escolha é aluguel. Se o aluguel for superior, é melhor a compra do imóvel e entendendo que uma parte do patrimônio familiar será consumido pelo imóvel e ficará imobilizado. A compra é válida desde que a renda da família não diminua e nem os custos da nova moradia apertem o orçamento doméstico.

No Brasil, mesmo com a mínima histórica da taxa de juros, é difícil encontrar um ativo com retorno superior ao do financiamento. Caso a pessoa tenha rentabilidade superior, ela com certeza deve financiar esse imóvel, pois a renda proveniente dos seus investimentos supera o custo da dívida e em vez dela comprar um imóvel a vista, ela financia.

O melhor ativo que um ser humano pode ter é uma vida sem dívidas, mas consciente dos números, essa é uma estratégia assertiva e inteligente de escolha.

Outra opção é com um capital assegurado para a compra do imóvel e caso esse seja o sonho da família, também é assertivo a escolha de um financiamento, mesmo com taxa de juros um pouco superiores. Repetindo, um POUCO superior.

Você terá o dinheiro todo com você caso necessite quitar o imóvel. O valor do imóvel, caso tivesse sido comprado a vista, lhe renderá alguns frutos de investimento com o retorno abaixo do custo do financiamento, mas pagando parcelas no momento presente menor caso esse capital ficasse completamente imobilizado.

A parcela entra no fluxo de caixa da família sem perda nenhuma de consumo e o dinheiro disponível caso aconteça uma mudança na economia

Com planejamento e entendimento das fases da vida todas as opções são consideradas. O erro das famílias brasileiras, em geral, não está na compra, no financiamento e no aluguel. Está no planejamento feito apenas pela emoção.

Palavra final do consultor: alugar ou comprar o imóvel?

O certo é planejar! Perceba que não tem erro em nenhuma escolha do imóvel. O erro está na forma de planejamento. Um cantinho seu, com seu designer e sua arquitetura é o sonho de muita gente. Mas esse sonho não pode te custar o preço de uma vida com dívida com uma aposentadoria infeliz. Alugando, financiando ou comprando faça a sua escolha com planejamento e te garanto que isso te trará mais retorno

 

Leonardo Lamounier é consultor de gestão de negócios e educador financeiro. Tem alguma dúvida sobre algum assunto financeiro?