Você já ouviu falar no cartão de crédito consignado dívida infinita? Esse termo vem ganhando destaque nos últimos tempos e tem assustado muitos aposentados, pensionistas e servidores públicos.
O motivo? Um modelo de crédito que parece vantajoso à primeira vista, mas que, se não for bem compreendido, pode se transformar em uma armadilha difícil de escapar.
Neste artigo do Plusdin, vamos explicar como funciona esse tipo de cartão, por que ele pode gerar uma dívida que nunca termina e, principalmente, como se proteger dessa situação.
Continue com a gente e descubra tudo o que você precisa saber para manter sua saúde financeira em dia.
O que é o cartão de crédito consignado?
O cartão de crédito consignado é uma modalidade voltada principalmente para aposentados, pensionistas do INSS e servidores públicos.
O diferencial é que ele tem o desconto mínimo da fatura feito diretamente na folha de pagamento, por meio da chamada Reserva de Margem Consignável (RMC).
Isso significa que todo mês, automaticamente, um percentual fixo da sua renda é usado para pagar parte da fatura.
Por causa dessa garantia de pagamento, os bancos costumam oferecer limites mais altos e juros teoricamente mais baixos do que os cartões convencionais.
Mas calma: esse modelo tem vários detalhes que merecem sua atenção.
Entenda o que é a chamada “dívida infinita”
A expressão “dívida infinita” se refere ao seguinte cenário: o titular do cartão faz pagamentos mensais, vê descontos em sua aposentadoria ou salário, mas a dívida nunca acaba.
Parece absurdo? Infelizmente, é mais comum do que se imagina.
Isso acontece porque o valor descontado em folha nem sempre cobre o total da fatura.
Quando sobra algum valor para além da margem consignável, esse restante entra no crédito rotativo, acumulando juros e encargos mês a mês.
O consumidor acredita que está quitando a dívida, mas na verdade está pagando só os juros. Assim, o saldo devedor continua ativo e até cresce, mesmo sem novas compras.
Como a dívida infinita se forma no cartão consignado
Esse tipo de dívida não aparece de uma hora para outra. Ela vai se formando aos poucos, sem que o consumidor perceba.
Veja alguns dos motivos mais comuns:
1. Falta de clareza na contratação
Muitas vezes, o cartão de crédito consignado é oferecido como se fosse um empréstimo consignado tradicional.
A pessoa acredita que está contratando um crédito com parcelas fixas e prazo definido, mas recebe um cartão e começa a fazer saques ou compras sem entender o funcionamento real.
2. Pagamento mínimo que não cobre o saldo
O valor descontado mensalmente representa apenas uma pequena parcela da fatura total.
Se você usar o limite inteiro, vai precisar pagar a diferença “por fora” – o que muitas vezes não acontece, gerando acúmulo de encargos.
3. Juros, encargos e o rotativo
Mesmo com a promessa de juros mais baixos, o rotativo do cartão consignado ainda representa uma das formas de crédito mais caras do país.
Cada vez que você não paga o total da fatura, juros compostos entram em ação, e o saldo aumenta.
4. Uso contínuo do limite
Como o limite é reabastecido mensalmente, o consumidor volta a usar o cartão, mesmo com dívidas acumuladas dos meses anteriores. O ciclo se repete, e a dívida se eterniza.
Por que isso atinge principalmente aposentados e pensionistas?
Esse tipo de armadilha financeira afeta, principalmente, quem tem renda fixa e margem consignável disponível.
Aposentados e pensionistas do INSS se tornam os principais alvos das instituições financeiras.
Além disso:
- Há pouca informação clara e acessível sobre o funcionamento real do cartão;
- Operadores de telemarketing pressionam para que o consumidor aceite propostas na hora;
- A linguagem usada nos contratos é difícil de entender;
- Muitas vezes, o consumidor só descobre a dívida crescente quando já está com grande parte da aposentadoria comprometida.
É um grupo mais vulnerável – e, por isso, merece atenção redobrada e orientação clara.
Quais são os riscos de entrar nessa armadilha financeira?
Cair na “dívida infinita” do cartão consignado pode trazer diversos prejuízos, tanto no presente quanto no futuro.
Veja os principais riscos:
- Comprometimento da renda mensal, dificultando o pagamento de despesas básicas;
- Acúmulo de dívidas externas, já que parte da renda está presa no cartão;
- Nome negativado, caso a parte da fatura que não é descontada em folha fique em aberto;
- Dificuldade de obter outros créditos no mercado;
- Estresse emocional, especialmente entre pessoas mais idosas.
A longo prazo, isso pode comprometer completamente o equilíbrio financeiro da família.
Como sair da dívida infinita do cartão consignado?
Se você já está enfrentando essa situação, saiba que existem caminhos possíveis para sair dessa armadilha.
Mas é preciso agir com estratégia e, muitas vezes, buscar ajuda especializada.
1. Negocie com o banco
A primeira opção é procurar a instituição financeira e tentar uma renegociação direta.
Peça para parcelar a dívida com juros menores e prazos mais adequados ao seu orçamento.
2. Faça um empréstimo para quitar o cartão
Pode parecer contraditório, mas muitas vezes vale a pena contratar um empréstimo consignado comum (com parcelas fixas e juros menores) para quitar o cartão e encerrar o ciclo da dívida infinita.
Essa troca precisa ser feita com muito cuidado e cálculo. Use simuladores, analise o CET (Custo Efetivo Total) e veja se realmente compensa.
3. Solicite portabilidade da dívida
Alguns bancos permitem a portabilidade da dívida do cartão consignado para outra instituição, com condições melhores. Informe-se e analise bem as ofertas.
4. Pare de usar o cartão imediatamente
Interromper o uso do cartão é essencial. De nada adianta pagar uma parte da dívida se continuar acumulando novos débitos.
5. Avalie ajuda jurídica
Se você acredita que foi induzido ao erro ou enganado na contratação, procure ajuda legal. Em muitos casos, há jurisprudência favorável que reconhece cláusulas abusivas ou falta de transparência.
O que diz a Justiça sobre o assunto?
O problema da dívida infinita do cartão de crédito consignado não passou despercebido pelo Judiciário.
Em diversas decisões recentes, tribunais têm considerado abusivas as práticas que levam ao endividamento eterno, especialmente quando:
- O consumidor não foi devidamente informado sobre os riscos;
- O contrato foi apresentado como empréstimo, mas era, na verdade, um cartão de crédito;
- A dívida cresce mesmo com pagamentos regulares.
O Código de Defesa do Consumidor (CDC) garante o direito à informação clara e adequada, e proíbe cláusulas que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada.
Se esse for o seu caso, vale consultar um advogado ou órgãos de defesa do consumidor.
Perguntas frequentes sobre o cartão consignado e a dívida infinita
1. O que é cartão de crédito consignado e como ele funciona?
É um tipo de cartão em que parte da fatura é descontada diretamente da folha de pagamento. Ele é oferecido principalmente para aposentados, pensionistas e servidores públicos.
2. Por que dizem que a dívida do cartão consignado é infinita?
Porque, em muitos casos, o valor pago mensalmente não quita o saldo devedor. Os juros e encargos acumulam, fazendo a dívida crescer mesmo com pagamentos mensais.
3. Como saber se estou com uma dívida infinita no cartão consignado?
Verifique se o valor da sua dívida permanece igual ou cresce, mesmo após os pagamentos. Se você só paga o mínimo e continua usando o cartão, é um sinal de alerta.
4. Existe limite de juros no cartão de crédito consignado?
Sim. O governo estabelece um teto de juros, que pode variar. Mas mesmo dentro do limite, os encargos podem ser altos e dificultar a quitação da dívida.
5. É possível cancelar um cartão consignado e quitar a dívida?
Sim. Você pode solicitar o cancelamento e negociar a quitação do saldo restante. O importante é parar de usar o cartão e buscar uma solução definitiva.
6. Quando vale a pena entrar com ação judicial contra o banco?
Se você foi induzido ao erro, não foi informado corretamente ou sofreu cobrança indevida, pode ser viável buscar reparação judicial com base no CDC.
O cartão consignado pode ser útil, mas exige atenção redobrada
O cartão de crédito consignado pode, sim, ser uma alternativa de crédito mais acessível para quem tem margem consignável.
No entanto, é preciso entender os riscos que ele carrega – e a temida dívida infinita é um deles.
Se você já está enfrentando esse problema, procure ajuda, busque seus direitos e conte com o conteúdo do Plusdin para tomar decisões financeiras mais conscientes.
E se ainda não entrou nesse tipo de contrato, analise tudo com calma, compare opções e só aceite se tiver 100% de certeza do que está contratando.
A educação financeira é sua maior aliada contra armadilhas como essa.